quinta-feira, 22 de julho de 2010

OUVIR A PARTIR DO CENTRO

"MAS ESCUTA O QUE SOPRA, A MENSAGEM INCESSANTE QUE SE FORMA DO SILÊNCIO"

 Rainer Maria Rilke, Elegias de Duíno, Primeira Elegia 



O ouvido escuta os sons exteriores. A alma escuta o que vem de dentro. 

Mais precisamente, ela escuta em sintonia com algo maior. 

Ela percebe quem ouve, quem fala e o que se diz, como conectados c unidos em algo comum.          Isso significa ouvir a partir do centro — tanto do próprio centro, quanto do centro do interlocutor e também do centro do ser.

Essa escuta não tem opinião, pois a opinião se localiza fora do centro, na superfície mais exterior, no ponto mais afastado do centro. Por isso, ela não tem consistência. É apenas pensada e buscada, não é sentida em profundidade. A opinião separa, em lugar de unir. Por esta razão, quem ouve a partir do centro permanece sem opinião. Quando o interlocutor lhe comunica a sua, ele ouve algo diferente por trás e para além do que foi dito. Por esta razão, ao dizer algo depois dessa escuta, ele pode deixar que a opinião do outro fique onde está. Essa maneira de escutar lhe permite voltar ao centro, levando também, talvez, a outra pessoa a esse centro, que finalmente os une.
Bert Hellinger

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