domingo, 31 de outubro de 2010

o efêmero




"Vosso amigo é a resposta a vossas necessidades. Ele é vosso campo, que semeais com amor e colheis com gratidão. Ele é vossa mesa e vossa lareira. Pois ides a ele com vossa fome, e buscais nele vossa paz"


Gibran Khalil Gibran


Não busco
o efêmero...o passageiro...

Construo relações de amizade verdadeira.

Posso ser diferente... mas, gosto de ser como sou.

Aprendi com a vida que o que conta é o que depositamos no coração das pessoas.

Recebo pessoas e acrescento-as...passam a fazer parte de mim.

Quando vão embora...

Se precisarem partir...

Deixam sentimentos inesquecíveis.

Se quiserem retornar um dia,

Têm espaço reservado

São recebidas como se nunca tivessem partido.


Wanderlúcia Welerson Sott Meyer


Um fim de semana maravilhoso!


Obrigada por sua amizade!


Beijos...carinho...


Wanderlúcia

amigos que são anjos



Anjos são invisíveis
São seres celestiais poderosos
Basta que você deixe as vibrações
De amor do seu anjo penetrarem na sua alma
Um arrepio
A sensação de alguém pertinho da gente
A impressão de alguém chamando
Não existe hora, nem dia certo
Muitas vezes acontecem coisas
Que parecem não ter explicação
E é delicioso imaginar
Que foi a mãozinha do nosso anjo
Que se encarregou do que aconteceu
Não é fácil acreditar naquilo que não se vê
Mas tenho plena certeza que anjos existem
e moram no seu coração ...

o milagre da vida



"O milagre da vida é escrever
sua história tendo a certeza que você
deixou sua biografia gravada
no coração de alguém."
Um delicioso final de semana...

“Estou nascendo hoje na internet”

Jabor entra no twitter – “Estou nascendo hoje na internet”


jabor [Papo Cabeça] Jabor entra no twitter   Estou nascendo hoje na internet
Afinal, quem sou eu? Descobri que há vários jabores dando sopa na web. Uma vez, disse aqui que jamais entraria nos twitters da vida, nos orkuts do pedaço, nos facebooks das quebradas… Claro que dá pra ficar fora dessas “redes sociais”, mas sinto-me isolado como aqueles caras que se recusam a ver televisão, para defender sua “individualidade”. No entanto, que individualidade, que “eu” se manteria “puro” e protegido longe da TV ou fora da web hoje? Que “eu” sobraria? Não há um “eu” sozinho – esse sonho de pureza e originalidade acabou. O “eu” é feito de detritos de lembranças, de sonhos, de traumas, mas também é fabricado pelas coisas. A pílula fez mais pelo feminismo que mil livros de militância. A internet criou um “eu” que muda dia a dia como uma máquina que vai se modernizando, recebendo novas engrenagens. Em vez de aniversários, em breve, vamos comemorar aperfeiçoamentos: “Estou comemorando mais 8 gigabytes em minha alma!”
Aliás, acho bom que a internet acabe com as ilusões individualistas que sempre tivemos – de sermos puros e únicos. A verdade é que somos parte de um processo de mutação permanente, e não por “autoanálise”, mas pelos avanços da tecnociência. Assim como a biotecnologia cria seres híbridos, somos cada vez mais híbridos… Somos de carne, osso, chips e tocados por milhões de “outros eus” em rede. Rimbaud escreveu: “O eu é um outro.” E o grande Mario de Sá Carneiro, poeta português, melhor do que os uivos lamentosos de Fernando Pessoa, também escreveu:
“Eu não sou eu nem o outro/ sou qualquer coisa de intermédio/ pilar da ponte de tédio/ que vai de mim para o outro.” Sujeito e objeto se confundem cada vez mais. Além disso, eu também achava que a cultura humana era uma galáxia infinita de pensamentos e obras. O Google acabou com este sonho infinito. Tudo se arquiva, se ordena. O futuro, como um lugar a que chegaríamos um dia, também morreu. Só há um presente incessante, um futuro minuto a minuto, e não temos ideia de onde chegaremos, porque não há onde chegar…
Bem, amigos, todo este “showzinho” de reflexões individualistas é, na verdade, para comunicar que estou entrando no twitter. Resolvi. “Não quero mais ser eterno, quero ser moderno.” Eu, que até pouco tempo só ia até o micro-ondas (que sempre me puniu com apitinhos da porta aberta), eu, que tremo diante de um celular, mudei muito. Saibam que comprei um iPhone e que vou postar coisas no twitter, que se chamará “realjabor”. O nome será este porque já existe no twitter um cara que usa meu nome… Existe um “jabor” imaginário com, pasmem, 121.000 seguidores… Não o digo por gabar-me, mas há um jabor com milhares de amigos que não conheço. E aí me pergunto: quem sou eu? E esse cara no twitter – com 121 mil seguidores enganados – por que botou meu nome? Não é por inveja, nem tietagem… Ele parece ser um bom sujeito pelas coisas que fala por mim; não há insultos nem frases que possam me incriminar com meus “seguidores”… (se bem que ele “posta” também bobagens apócrifas que rolam na web, que me matam de vergonha). E ele? Quem será? Será que ele ama alguém? Quem lhe mandará flores se ele morrer de amores? Por que time ele torce? Como é seu rosto? Vejam meu drama: eu, que não existo, acho boa-praça um cara que não sei quem é… Por que ele não se assume? Eu estava nesta dúvida, quando se fez a luz e entendi: tanto faz ele ser ele ou ser eu. Esta terceira pessoa, meio eu, meio ele, existe no espaço virtual e assim não importa o nome, pois, como disse acima, sujeito e objeto se confundem. Ser eu ou ele é um detalhe desprezível.
Aliás, suponho que esses milhares de seguidores sejam ao menos meus amigos… E aí me ocorre a pergunta: o que é um amigo hoje? Como posso ser amigo de pessoas que nunca vi? Antes, amigos tomavam chope com a gente, davam conselhos, faziam confidências: “Pô, cara, minha mulher me traiu… que que eu faço?” Era assim. Hoje, os amigos você não vê, não toca; os amigos são algoritmos.
As redes sociais estão mudando o conceito de amizade, de amor… A pior forma de solidão talvez seja o sexo virtual, a masturbação a longa distância… Nada mais triste que o post-coitum na internet: gozos, escape e “log off” com os orgasmos se esvaindo na velocidade da luz e a realidade manchando o papel higiênico e as mãos pecadoras.
Assim aprendemos que temos de celebrar as parcialidades; só o fortuito é gozoso. Temos de parar de sofrer por uma plenitude que não chega nunca.
Aceitar a “incompletude” talvez seja a nova forma de felicidade. E isso é bom. A web nos mostra que enquanto sonharmos com a plenitude, seremos infelizes. Nunca seremos acompanhados nem totalmente amados. As redes nos trazem uma desilusão fecunda. As redes sociais unem os homens em uma grande solidão.
Outra coisa que me intriga: dizer o que nos tweets? O que é importante? Antigamente se dizia: este filme é importante, este texto é importante… Mas, hoje, para quê? As revoluções clássicas já não existem, a ideia de reunir objetos para um museu do futuro já era. Não há mais algo a ser preservado para amanhã. A importância do futuro foi substituída pelas “conexões” no presente.
A própria ideia de “profundidade” ficou estranha… O que é profundo? Hegel ou o frisson de informar a 121 mil pessoas que acordei com dor de cabeça ou que detestei A Origem?… As irrelevâncias em rede ganham uma densidade horizontal, uma superficialidade útil, ao invés de uma grandeza definitiva. Quantidade é qualidade, hoje.
Mas, é óbvio que há uma grande vitória para a democracia nas redes sociais. Há pouco, o massacre de dissidentes no Irã escapou pela internet. As redes denunciam crimes, alavancam negócios, expandem a educação política.
Por isso, resolvi nascer. Estou nascendo hoje na web. Meus primeiro gemidos de recém-nascido começam hoje. Chamo-me agora www.twitter.com/realjabor e vou competir com o outro jabor, o falso, que me criou sem me consultar.
Fonte: Publicado no Estadão e diversos outros jornais

kama book e a mulher fedorenta


Sabe-se bem, o "Kama Sutra" não é um manual de posições sexuais, ainda que assim seja publicado e republicado pelo mundo a fora.  Mas, seu original é disponível em português e mostra como o livro se põe como uma espécie de filosofia do "bem viver" em relação ao amor. As sugestões do livro são interessantes e, é claro, só podem realmente ser entendidas por quem tem lá uma cultura a respeito do Oriente que nós, Ocidentais, penamos muito em conseguir, mesmo se somos assíduos estudiosos. Todavia, algumas coisas desse livro escapam até mesmo aos "experts".                                     O livro traz uma lista um tanto esquisita de “mulheres que não devem ser desfrutadas” (1). 
Ei-la: 
A leprosa 
A lunática 
A expulsa da sua casta 
A que revela segredos 
A que expressa publicamente o desejo de relações sexuais 
A muito branca 
A muito preta 
A que cheira mal 
A que é parente próxima 
A que é amiga 
A que leva vida de ascetismo 
A esposa de um conhecido, de um amigo, de um brâmane culto, e a do rei. 
Não vejo muita dificuldade de entender a lista. Mas, “a que cheira mal”realmente é intrigante que esteja na lista. Qual o problema com uma mulher fedorenta? Uma mulher que cheira mal, principalmente se o seu fedor é característico, não é justamente a que cheira bem? O fedor de uma mulher não excita? Mas, se o caso é de um fedor insuportável para qualquer nariz, não é a Índia o lugar tradicionalmente conhecido pela produção dos melhores perfumes e, portanto, o canto do mundo em que o fedor nem deveria importar?
A arte de produção de perfumes e de uso obrigatório destes é alguma coisa da sabedoria milenar dos indianos. Então, por que a mulher “que cheira mal”deve ser evitada para o desfrute, segundo uma regra que parece tomar o problema como insolúvel? 
Bem, podemos imaginar que a mulher que “cheira mal” é uma mulher que realmente cheira mal a ponto de não existir o que se possa fazer para eliminar seu cheiro. Mas, uma tal hipótese é difícil de levada a sério.
Existiria uma mulher imune a qualquer perfume? Ou o fedor, nesse caso, se refere a dentes cariados ou mau hálito vindo de parte mais profundas que a boca ou, ainda, alguma doença que provoque o mal cheiro generalizado?
Trata-se, então, de uma podridão crônica! O cheira mal estaria apenas querendo dizer “mulher doente”. É isso? 
Essa hipótese também não é boa. Pois, a Índia nunca foi de possuir uma medicina que não pudesse detectar algo que é doente e distinguir de algo que
cheira mal. Doente pode cheirar mal, mas “cheira mal” e “doente” não é algo a ser trocado, como sinônimos, a ponto de se ter de tomar o “cheira mal”, numa lista meticulosa, como necessário de ser colocado para se evitar a mulher doente. Forçaríamos a interpretação se fôssemos por esse caminho. 
A mulher que “cheira mal” parece ser algo para além de “mulher doente”.
Aliás, devemos notar algo especial na lista. Não se trata de uma lista de mulheres que podem nos trazer dissabores. Não! A lista é peremptória. As mulheres da lista *não devem* ser desfrutadas. Não há aí nenhuma sugestão, há a norma, o dever. 
Todos nós sabemos que o odor de uma mulher pode ser eliminado, ainda que, nos casos piores, só momentaneamente. Mas, momentaneamente, já é o suficiente para todos nós. Todavia, o *Kama Sutra* não dá uma alternativa sequer: a mulher que cheira mal não deve ser desfrutada. Nenhum atenuante aparece. A mulher que cheira mal, cheira mal e pronto – que fique de fora do comércio sexual. 
É interessante notar essa questão do ponto de vista da metáfora ocidental que privilegia sempre os olhos como elementos do apreciar, nunca o nariz ou mesmo o ouvido ou o tato. Uma mulher bonita, que agrade aos olhos, no Ocidente, pode falar muito e ser uma chata. Uma mulher bonita, que agrade aos olhos, no Ocidente, pode falar bobagem. Sendo bonita, pode, inclusive, feder. Uma mulher bonita que fede horrores ganha alguns sabonetes, perfumes ou, no caso mais radical, procura um médico. Mas ela é bonita – eis o que conta! Ao fedor, dá-se um jeito. O critério é o das luzes, do Iluminismo, o
que passa pelo crivo dos olhos. No *Kama Sutra*, os olhos também são crivo, mas não sozinhos ou como imperadores absolutistas. A lista aponta vários problemas da mulher que não são reconhecidos exclusivamente pelos olhos.
Aliás, só em dois casos os olhos comandam: a mulher “muito branca” e a “muito preta”. Agora, o olfato aparece estranhamente solitário e imperativo, de um modo que no Ocidente não apareceria: a mulher fedorenta não deve ser
objeto de sexo. 
Deveríamos pensar mais sobre como o Ocidente e o Oriente criaram suas metáforas. Entenderíamos mais não só do amor, mas da nossa vida em geral. 

© 2010 Paulo Ghiraldelli Jr, filósofo, escritor e professor da UFRRJ 
(1) *Kama Sutra*. Rio de Janeiro. Zahar, 2002. 

O Futuro (e o fim?) do Livro

O Futuro (e o fim?) do Livro

 
Reportagem extraída da Revista Superinteressante de Setembro/2009.
superinteressantepdltop [Papo Cabeça] O Futuro (e o fim?) do Livro
Ele tomou um banho de tecnologia e ganhou superpoderes. Ficou ágil, coletivo e revolucionário. Sua velha versão ainda resiste – mas por quanto tempo?
Todos os meses cerca de 20 pessoas comparecem a um encontro marcado em um prédio na região de Pinheiros, em São Pauio. É um grupo heterogêneo. Ali tem advogado, empresário, executivo, consultor. Eles se reúnem porque possuem algo em comum – sabem que o futuro de todos ali está ameaçado. Pra que você entenda o que está acontecendo, vamos às explicações. O prédio de Pinheiros é a sede da Câmara Brasileira do Livro. O pessoal que se reúne lá é formado, na maioria, por representantes de editoras e distribuidoras de livros. E o que os preocupa é um concorrente que vem desafiando o reinado do livro impresso, mantido há 6 séculos, desde a Bíblia de Gutenberg: o livro digital. “A tecnologia está avançando rapidamente. E nós, produtores de livros, ainda estamos presos ao papel”. diz Henrique Farinha, coordenador do grupo e diretor da Editora Gente.
O comandante desse ataque à literatura de papel tem um nome: Kindle. É o leitor eletrônico de livros lançado pela loja virtual americana Amazon. uma tela digital capaz de reproduzir as páginas de qualquer livro, ainda que com algumas limitações. Tem enormes vantagens na disputa com o papel. Digamos que você está lendo esta SUPER enquanto descansa numa paradisíaca praia do Nordeste. Você se interessou pela entrevista com Dan Ariely, na página 34, e resolveu comprar o livro Previsivelmente Irracional de autoria dele. Basta tirar o Kindle da mochila, navegar com ele pelo site da Amazon e fazer a compra na hora. Em coisa de um minuto, você terá o livro inteiro disponível no aparelho. Não é feitiçaria. é tecnologia – uma função wireless parecida com a de alguns celulares. O pagamento seria feito com o cartão de crédito. O preço: USS 9.99. uns RS 19 reais. Bem mais barato que o livro impresso. que custaria o equivalente a RS 31 na mesma loja. Sem contar que daria para ler ali, com o pé pra cima, qualquer outro livro que você já tivesse comprado pelo Kindle. O bichinho armazena mais de 1 500 obras. É o mesmo que carregar por aí uma biblioteca formada durante toda a vida.
A praticidade é a sacada revolucionária que fez do Kindle um hit entre os americanos, por enquanto os únicos a aproveitar suas funcionalidades (a rede wireless usada para venda dos livros ainda não funciona em outros países). Segundo a Amazon. um livro que tenha uma versão digital para o Kindle vende 35% mais cópias. De cada 4 exemplares vendidos de uma obra. um já é digital. Tem até gente pedindo autógrafo pra escritor no e-reader. (Aconteceu de verdade em Nova York, com o humorista David Sedaris. no lançamento de seu livro Engolido pelas Labaredas, no ano passado.) E olha que o Kindle ainda vive a sua infância. A tela já mostra texto e imagens, mas em branco e preto. Cores? Só daqui a alguns anos, segundo JeffBezos, o presidente da Amazon.
Conclusão 1: para os nossos amigos lá na Câmara Brasileira do Livro: o livro digital já pegou. Conclusão 2: se ficar ainda melhor, vai nocautear o livro impresso. Para piorar, uma legião de soldados vem na retaguarda do Kindle. tão ansiosa para vencer a batalha quanto seu líder. Os outros e-readers no mercado estão se sofisticando. Caso do Reader Digital Book. da Sony. Lançado em 2006, ele acabou de ganhar uma turbinada. Em março, a Sony dispo¬nibilizou para os donos de seu e-reader mais de 1 milhão de livros clássicos – de graça. Comor Uma parceria com o Google, que vem digitalizando obras por meio de acordos com editoras. Aliás, são textos que estão dispo níveis para a leitura também na internet. Basta entrar no Google Books – há outros 6 milhões de livros lá.
Sem contar que dá para ler um livro até pelo celular. Por enquanto, a coisa funciona graças ao Kindle – você baixa um aplicativo da Amazon pelo iPhone e manda ver na leitura. Mas já tem gente apostando que a Apple vem aí com uma idéia jobsiana para transformar o iPhone em um e-reader sofisticado. No Brasil, nada disso vale ainda. O primeiro a chegar deve ser criação tupiniquim mesmo: o Braview, previsto para outubro
superinteressantepdlmei [Papo Cabeça] O Futuro (e o fim?) do Livro

E eu com isso?

Beleza, o livro digital é mais prático e barato do que o impresso. E daír Daí que a transição vai mexer diretamente com a sua vida. Veja este caso: na cidade inglesa de Hacknev, a escola City Academy vai adotar e-books em formato PDF para ensinar seus alunos, uma criançada de 11 a 16 anos. Nada mais de livros convencionais. Para viabilizar a digitalização, a escola está trabalhando com editoras de livros que compõem o currículo escolar. Chega de ver criancinhas com mochilas de 3, 4, 5 quilos nas costas. No caso do Kindle, tudo caberia em menos de 300 gramas. O mesmo que você teria de carregar se saísse de férias e levasse 5 livros pra ler na viagem.
A dor na coluna vai diminuir. Mas a dor no bolso pode aumentar. É verdade, os e-books custam menos do que o livro impresso. O problema é que um modelo como o Kindle permite que você tenha um livro no momento em que quiser – nem sobra tempo para pensar duas vezes. É a oportunidade perfeita para as compras por impulso. E quem é mão de vaca não vai ter moleza pra pegar livro dos outros. Hoje, não dá para emprestar as obras digitais para os parentes ou amigos. A exceção é o Cool-er. da fabricante britânica ínteread. que deixa você repassar um arquivo para até 4 pessoas.
O livro digital também pode transformar a leitura em um ato coletivo. Não. não é que você vai reunir a galera pra contar historinha. É só a influência da web 2.0. Sabe aquelas anotações que a gente faz no canto da página? Com o livro em bibliotecas como a do Google, vai dar para ler seu conteúdo e deixar anotações para o próximo leitor. Teríamos acesso aos pensamentos e referências que outra pessoa, que nem conhecemos, deixou ali.
Bacana, não é? Mas as mudanças podem não ser tão positivas para o pessoal da indústria do livro, como aquele grupo do começo da reportagem. Pense aqui com a gente: se não vamos precisar de papel, tinta e distribuição pra fazer e vender livros…pra que servirão as editoras e distribuidoras? Aí é que o bicho pega. Autores best sellers não precisam de tanta orientação ou promoção pra vender livros. Poderiam cortar os intermediários e negociar direto com as lojas. Isso aumentaria a participação nos lucros. O movimento já começou: a Interead, aquela do Cool-er, ofereceu 50% do dinheiro das vendas para os escritores que coloquem seus livros à venda no site do e-reader, o Coolerbooks.com. Uma editora tradicional costuma pagar até 10%. Mas e os autores menos famosos? Eles ainda precisam das editoras. E a morte delas pode ser a morte de grande parte da boa literatura. Ou não: talvez qualquer um possa escrever um livro e colocar na internet. São questões ainda sem resposta.
De qualquer jeito, o modelo tradicional não vai desaparecer da noite para o dia – as vendas de livros eletrônicos não passam de 2″ o do mercado livreiro, e isso nos países em que o e-reader já é realidade. Mesmo assim, editoras e lojas estão se mexendo, seja digitalizando o catálogo, seja criando negócios no mundo virtual. Elas têm, no entanto, uma dor de cabeça maior pela frente. No empenho para consolidar seu leitor eletrônico, a Amazon cravou um preço para a venda da maioria de seus livros.- USS 9.99 – enquanto um título em capa dura custa em média entre US$ 25 e USS 35. Só que a própria Amazon paga entre USS 12 e USS 13 pra comprar obras das editoras. Ou seja, tem prejuízo. É uma aposta para o futuro: o preço baixo ajuda a atrair clientes a rodo. isso pode pressionar as editoras a baixar os preços para competir, sacrificando os lucros. E talvez as levando à falência. Só a Amazon se daria bem. porque teria a clientela formada e conseguiria colocar o negócio no azul.
Até as bibliotecas terão de aprender a viver nessa nova ordem. No exterior, os bibliotecários estão se especializando em pesquisas online. Querem ser profissionais preparados para ajudar estudantes e interessados a filtrar informações encontradas em sites. “Tem muito lixo na internet. As pessoas assumem como verdade qualquer informação achada na Wikipedia”, diz Nêmora Rodrigues, presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia. “O bibliotecário precisará indicar o caminho para as fontes mais relevantes e fidedignas.”
Pois é, o livro eletrônico chegou botando banca. Mas o fato é que ele ainda não chegou de verdade. Há muito a ser aprimorado até que os aparelhos e bibliotecas online caiam nos braços do povo. “O livro impresso terá seu espaço até aparecer um leitor eletrônico que seja acessível, agradável de usar e tenha um formato atraente. A questão é quando vai surgir”. diz Henrique Farinha. De qualquer forma, o ringue está pronto. E o livro impresso, com suas capas coloridas, o cheiro de tinta e uma experiência de tato ainda inigualável, terá de barrar o ímpeto de seu oponente – mais jovem e cheio de novidades. Antes que o novato vire um produto a que nem o leitor mais conservador consiga resistir.

Os Rivais

Conheça os grandes concorrentes do livro impresso – eles poderão engolir a sua biblioteca em breve
KINDLE/AMAZON
PREÇO: Duas versões. Uma por US$ 299 e outra, maior, por U5$ 489.
PONTOS FORTES: Nos EUA, dá para comprar mais de 275 mil livros em qualquer hora e lugar, pelo próprio e-reader.
PONTOS FRACOS: A Amazon tem controle sobre sua coleção. Pode deletar qualquer Livro, como fez em julho com 1984, por uma questão de direitos autorais- E não está disponível no Brasil
READER DIGITAL BOOK/SONY
PREÇO: Duas versões. Uma por US$ 279 e outra, pocket, por US$ 199.
PONTOS FORTES: Acesso gratuito a mais de 1 milhão de Livros do acervo do Google. E é mais barato do que o Kindle.
PONTOS FRACOS
: O downLoad para o e-reader não é automático. É preciso conectar o aparelho ao computador para baixar os livros. Não está disponível no Brasil.
BR-100-NTX/ BRAVIEW
PREÇO: O equivalente a US$ 200.
PONTOS FORTES: É coisa nossa! Previsto para ser lançado por aqui em outubro, deve ser o único no país por um tempo.
PONTOS FRACOS: Será mais simples que seus amigos estrangeiros, sem wi-fi ou tela sensível ao toque. Ainda não divulgou quais e quantas serão as obras disponíveis para Leitura no e-reader.

leitor de ebooks terá tela flexível

Skilf Reader, novo leitor de ebooks terá tela flexível

 
A Hearst, gigante do meio editorial, divulgou mais detalhes do Skilf Reader, seu próprio dispositivo para ler e-books. O Skilf é considerado o maior do mercado. Tem 11,5 polegadas, resolução de 1200×1600 e é sensível ao toque. Vai competir diretamente com o Kindle DX, que tem visor de 9,7 polegadas.
Além de trabalhar com textos tradicionais, voltados para livros e PDF, o Skiff também promete visar formatos para revistas, o que pode expandir ainda mais sua abrangência. A tela touchscreen aproxima o leitor do formato tradicional de livro, permitindo que o usuário possa “virar” as páginas com os dedos.
O aparelho também vem com 3G e Wi-Fi e tem visualização em preto e branco, mas inova ao utilizar o e-paper: é feito de uma chapa de aço flexível criada pela LG, que pode ser dobrada. O leitora ainda não tem data de lançamento ou preço definido.
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Que tal imprimir livros esgotados?


RIO – Graças a um acordo firmando quinta-feira passada, os livros da biblioteca digital armazenados ao longo dos últimos cinco anos pela Google poderão agora reaparecer impressos no mundo físico. Pelo acordo, a Google abriu parte de seu índice de obras ao inventor da “Espresso Book Machine”, uma impressora de alta velocidade, capaz de produzir um livro com cerca de 300 páginas e capa rústica em quatro cores em menos de quatro minutos. Ela imprime 105 páginas P&B por minuto ou 35 coloridas no mesmo tempo.
O Google Books (books.google.com) já vinha oferecendo online mais de 1,5 milhões de livros que já estão em domínio público.
Por enquanto, o novo serviço está disponível apenas nos EUA mas aos poucos se espalhará por livrarias e bibliotecas no mundo inteiro, obviamente mediante pagamento. De qualquer maneira, trata-se quase de uma bênção para os usuários mais tradicionalistas que ainda preferem livros convencionais, em vez de ler numa tela de computador ou um leitor de e-books, como o Kindle, da Amazon, ou o Sony Reader.
A EBM já funciona há vários anos, mas só agora, em sua versão 2.0, será usada em grandes volumes de serviço, com a possibilidade de imprimir as versões escaneadas de algumas das grandes obras da história da literatura, oriundas das maiores bibliotecas do mundo.
A empresa On Demand Books (ondemandbooks.com), dona da impressora veloz, poderá ter acesso a um acervo ainda maior, caso a Google consiga obter a aprovação judicial que anda pelejando por intermédio de uma ação coletiva que lhe daria direito a vender livros esgotados.
Segundo Jennie Johnson, porta-voz da Google, o público poderá conseguir a cópia impressa de um livro mesmo que só existam um ou dois exemplares dele em alguma biblioteca dos Estados Unidos, ou mesmo caso ele não mais esteja disponível em absoluto.
Segundo reportagem em vídeo da CNN , a EBM custa US$ 175 mil, mas seu custo se amortizaria em pouco tempo, dada a demanda de serviço. Está disponível no YouTube um vídeo em inglês em que Brandon Badger, gerente da Google Books, e Dane Neller, CEO da On Demand Books, falam sobre a Espresso Book Machine.

o que é “direito de autor” ?

Porque os “direitos de autor” devem voltar à sua intenção original (The Economist)

201015ldd002 [Papo Cabeça] Porque os direitos de autor devem voltar à sua intenção original (The Economist)
Quando o Parlamento decidiu, em 1709, criar uma lei que protejesse os livros da pirataria, as editoras e livreiros com sede em Londres, que vinham clamando por proteção, ficaram extasiados. Quando a Rainha Anne deu seu parecer favorável em 10 de abril do ano seguinte — em data que completa 300 anos esta semana — ao que considerou “um ato para o encorajamento da aprendizagem”, eles já não pareciam tão entusiasmados. O Parlamento concedeu-lhes direitos de proteção, mas estabeleceu um limite de tempo para tal: 21 anos para os livros já impressos e 14 anos para as novas publicações, com um adicional de 14 anos caso o autor ainda estivesse vivo ao final do primeiro mandato. Depois do período de proteção, todo este conteúdo entraria em domínio público, estando liberado para que qualquer um possa reproduzi-lo. Os parlamentares fizeram valer sua intenção de equilibrar o incentivo à criação com o interesse que a sociedade tem no acesso livre ao conhecimento e a arte. O Estatuto de Anne, assim, ajudou a fomentar e canalizar a onda de criatividade que a sociedade iluminista e seus sucessores empreenderam deste então.
Nos últimos 50 anos, porém, o equilíbrio foi alterado. Em grande parte graças aos advogados e lobistas da indústria do entretenimento, o escopo e duração da proteção dos direitos autorais aumentou muito. Nos Estados Unidos, detentores de direitos autorais obtiveram proteção de 95 anos como resultado de uma prorrogação concedida em 1998, ato que foi ironizado pelos críticos como o “Mickey Mouse Protection Act”. Moções em curso estão apelando para uma proteção ainda maior, e tem havido esforços para introduzir termos semelhantes na Europa. Tais argumentos devem ser combatidos: é hora de fazer a balança voltar ao prumo.

Annie get your gun

A proteção prolongada, argumenta-se, aumenta o incentivo para criar. No caso, a tecnologia digital parece reforçar o argumento: ao tornar a cópia mais fácil, parece exigir uma maior proteção em troca. A idéia de estender direitos de autor também tem um apelo moral. A propriedade intelectual pode, por vezes, assemelhar-se em muito aspectos à propriedade de bens imóveis, especialmente quando ela é sua, e não de alguma corporação sem rosto. Como resultado as pessoas sentem que, uma vez que são donas da obra, especialmente se elas mesmo a produziram, eles devem possuí-la como propriedade, da mesma forma como poderiam transmitir aos seus descendentes uma casa que adquiriram em vida. De acordo com esta leitura, a proteção deve ser permanente, e tentar elevar ao máximo o limite do tempo de proteção aproximando-o da perpetuidade torna-se uma demanda razoável.
No entanto, a noção de que o alongamento do tempo de proteção promove maior criatividade dos autores é questionável. Autores e artistas em geral não consultam os livros de lei antes de decidir se querem ou não pegar em uma caneta ou pincel. E períodos excessivos de proteção dos direitos de autor em geral dificultam ao invés de incentivar a difusão, impacto e influência de uma obra. Pode ser muito difícil localizar os detentores do copyright para obter o direito de reutilização de materiais antigos. Como resultado, todo este conteúdo acaba em um limbo legal (e no caso de filmes e gravações de som antigos, tendem a extinção, pois realizar a cópia digital a fim de preservá-los também pode constituir um ato de infracção). As sanções, até mesmo por violações inadvertidas, são tão punitivas que os criadores têm incorporado a rotina de auto-censura ao seu trabalho. Por outro lado, o advento da tecnologia digital também não reforça a necessidade de prorrogação do período de proteção, uma vez que uma das motivações originais do marco regulatório dos direitos autorais está relacionada à cobertura parcial dos custos de criação e distribuição de obras em forma física. A tecnologia digital diminui drasticamente estes custos e, portanto, reduz o argumento para a proteção.
A argumentação moral, embora mais fácil de ser levada à sério, configura de fato uma tentativa de “fazer o bolo e também comê-lo”.  O copyright foi originalmente a concessão de um monopólio temporário apoiado pelo governo sobre a cópia de um trabalho, não um direito de propriedade. De 1710 em diante, se constituiu em um acordo no qual o autor ou editor desiste de qualquer reivindicação natural e permanente, a fim de que o estado a proteger esta forma de direito artificial e limitado. É assim que este acordo está constituido, até hoje.
A questão é como esse acordo pode ser constituído de forma equilibrada. Neste momento, os termos do acordo favorecem demasiadamente os editores. Um retorno para os direitos autorais de 28 anos do Estatuto da Anne pode em muitos aspectos ser considerado arbitrário, mas não podemos dizer que não é razoável. Se há casos que justificam prazos mais longos de proteção, eles devem funcionar com base em um modelo de renovação dos direitos, de modo que o conteúdo não seja bloqueado automaticamente. O valor que a sociedade imputa à criatividade deve gerar cenários onde o ‘uso justo’ (limitações e exceções) seja ampliado, e a violação inadvertida de direitos de autor deve ser minimamente penalizada. Nada disso deve ficar no caminho da aplicação dos direitos de autor, que continua a ser uma ferramenta vital na promoção da aprendizagem. Mas ferramentas não são fins em si mesmos.

 

Os livros do futuro já estão aí, goste você ou não

newkindledx
Eu sempre digo que não existe “A” melhor invenção da história, e sim um conjunto delas. Pra mim foram três: a linguagem escrita (alfabeto e formação de palavras), o papel e a caneta. Sério, poderia ser um prisioneiro encarcerado numa solitária muitíssimo apertada, mas não enlouqueceria se tivesse bons livros e revistas a mão, e papel e caneta pra escrever as insanidades que viessem a mente.
Hoje o papel, embora ainda absurdamente utilizado (principalmente em órgãos públicos), começa a diminuir de circulação. Basta dizer que num mísero pen drive de 512 MB cabem uns 400 livros de umas duzentas páginas cada. Pense então quantos livros estão no seu PC. E na internet? E as fotos não-reveladas que economizam papel fotográfico? A Era Digital está aí para economizar papel… e sola de carteiro.
Bom, documentos, planilhas e essas coisas com durabilidade baixa, foram rapidamente para o computador, circulando em e-mails ao invés de carrinhos (se bem que no Judiciário a coisa é feia…). Mas, livros e quadrinhos ainda estão no papel, e isso não vai mudar tão cedo, assim como os cadernos de faculdade, que teimam em não serem substituídos.
Os primeiros passos na direção da substituição dos livros por versões digitais já estão sendo dados com os e-books reader. Na verdade, o maior obstáculo é fazer um gadget com tamanho parecido com o de um livro, assim como uma tela confortável para a leitura de centenas de páginas seguidas (quadrinhos vão ficar em papel por várias décadas ainda… a não ser que inventem um reader versão Absolute, ou algo do gênero).
O primeiro a pintar no mercado foi o Kindle, da Amazon, que foi contra tudo que a internet ensinou sobre NÃO usar formato proprietário. E apesar da multidão de promessas que a Amazon fez, a chegada do Kindle 2, em fevereiro desse ano melhorou um pouco as coisas, com uma tela melhor, e um layout um pouco mais moderno.
Há poucos meses, em junho para ser mais exato, chegou a terceira versão do livro do futuro. Na verdade não tão a terceira, já que é o Kindle DX que é o substituto formal do primeiro Kindle, sendo o 2, um puro engano. As melhorias foram várias. A melhor, na minha opinião, diz respeito a aceitação de formato PDF (o que garante ler qualquer coisa, já que não é nada difícil transformar um documento em PDF), o que já adiciona uma infinidade de livros a sua e-biblioteca. Mas também temos uma expansão da memória nativa para 4GB (o anterior possuía 1GB), menos de 1cm de espessura, inclinômetro no melhor estilo iPhone e uma boa distribuição dos botões.
A tela de e-ink (agora com 10 polegadas, ao invés das 6’ do anterior), já praticamente um padrão em e-books, não gasta bateria enquanto se lê, apenas para passar páginas, o que ele suporta fazer umas 10 mil vezes com uma carga de bateria. Como ponto negativo se destaca o sumiço da entrada de cartões SD, presente no primeiro Kindle.
É um belo aparelho, embora eu daria mais prioridade a compra de um Tablet PC, mais robusto e com mais recursos.
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E outras empresas já estão de olho no filão de mercado dos e-books. O Google já afirmou que pretendo entrar, ainda esse ano, no negócio de venda de livros digitais, trazendo acordos com editores e (possivelmente) aumentando os preços de US$ 9,99 praticados pela Amazon na venda de seus livros para o Kindle.
Um desses concorrentes é o Reader da Sony, que de bom só carrega a marca (que já perdeu muito do seu poder, diga-se de passagem). Fica muito atrás do Kindle, mas tem a vantagem de possuir um melhor preço (seu modelo mais caro custa US$ 299,00, enquanto o Kindle mais barato custa isso) e uma tela touchscreen.
A Samsung também lançou seu próprio reader, chamado SNE-50K, com tela de 5’ também touchscreen, custando US$ 280, mas ainda restrito ao mercado sul coreano. Ele possui também 512 MB de memória e uma autonomia de bateria de 4320 viradas de página. Fora isso possui apenas 9mm de espessura e 200 gramas.
Bem, as opções estão aí (tem até brazuca na jogada), e o processo é irreversível. Mais cedo ou mais eu e você teremos os nossos e as livrarias deixarão de existir (OK, não tenho certeza nessa parte), embora ainda goste muito dos meus livros e HQs de papel.
Por “Voz do Além”, no Nerds Somos Nozes

descartável X durável

Eletrônicos duram 10 anos; livros, 5 séculos’ (Umberto Eco)

 

Umberto Eco assina novo trabalho em parceria com o roteirista francês Jean-Claude Carrière.
umberto eco wideweb  470x3140 [Papo Cabeça] Eletrônicos duram 10 anos; livros, 5 séculos’ (Umberto Eco)
‘Eletrônicos duram 10 anos; livros, 5 séculos’, diz Umberto Eco
Ensaísta e escritor italiano fala em entrevista exclusiva de seu novo trabalho, ‘Não Contem com o Fim do Livro’
MILÃO – O bom humor parece ser a principal característica do semiólogo, ensaísta e escritor italiano Umberto Eco. Se não, é a mais evidente. Ao pasmado visitante, boquiaberto diante de sua coleção de 30 mil volumes guardados em seu escritório/residência em Milão, ele tem duas respostas prontas quando é indagado se leu toda aquela vastidão de papel. “Não. Esses livros são apenas os que devo ler na semana que vem. Os que já li estão na universidade” – é a sua preferida. “Não li nenhum”, começa a segunda. “Se não, por que os guardaria?”
Na verdade, a coleção é maior, beira os 50 mil volumes, pois os demais estão em outra casa, no interior da Itália. E é justamente tal paixão pela obra em papel que convenceu Eco a aceitar o convite de um colega francês, Jean-Phillippe de Tonac, para, ao lado de outro incorrigível bibliófilo, o escritor e roteirista Jean-Claude Carrière, discutir a perenidade do livro tradicional. Foram esses encontros (“muito informais, à beira da piscina e regados com bons uísques”, informa Umberto Eco) que resultaram em Não Contem Com o Fim do Livro, que a editora Record lança na segunda quinzena de abril.
A conclusão é óbvia: tal qual a roda, o livro é uma invenção consolidada, a ponto de as revoluções tecnológicas, anunciadas ou temidas, não terem como detê-lo. Qualquer dúvida é sanada ao se visitar o recanto milanês de Eco, como fez o Estado na última quarta-feira. Localizado diante do Castelo Sforzesco, o apartamento – naquele dia soprado por temperaturas baixíssimas, a neve pesada insistindo em embranquecer a formidável paisagem que se avista de sua sacada – encontra-se em um andar onde antes fora um pequeno hotel. “Se eram pouco funcionais para os hóspedes, os longos corredores são ótimos para mim pois estendo aí minhas estantes”, comenta o escritor, com indisfarçável prazer, ao apontar uma linha reta de prateleiras repletas que não parecem ter fim. Os antigos quartos? Transformaram-se em escritórios, dormitórios, sala de jantar, etc. O mais desejado, no entanto, é fechado a chave, climatizado e com uma janela que veda a luz solar: lá estão as raridades, obras produzidas há séculos, verdadeiros tesouros. Isso mesmo: tesouros de papel.
Conhecido tanto pela obra acadêmica (é professor aposentado de semiótica, mas ainda permanece na ativa na Faculdade de Bolonha) como pelos romances (O Nome da Rosa, publicado em 1980, tornou-se um best-seller mundial), Eco é um colecionador nato; além de livros, gosta também de selos, cartões-postais, rolhas de champanhe. Na sala de seu apartamento, estantes de vidro expõem tantos os livros raros – que, no momento, lideram sua preferência – como conchas, pedras, pedaços de madeira. As paredes expõem quadros que Eco arrematou nas visitas que fez a vários países ou que simplesmente ganhou de amigos – caso de Mário Schenberg (1914-1990), físico, político e crítico de arte brasileiro, de quem o escritor guarda as melhores recordações.
Aos 78 anos, Eco – que tem relançado no País Arte e Beleza na Estética Medieval (Record, 368 págs., R$ 47,90, tradução de Mario Sabino) – exibe uma impressionante vitalidade. Diverte-se com todo tipo de cinema (ao lado de seu aparelho de DVD repousa uma cópia da animação Ratatouille), mantém contato com seus alunos em Bolonha, escreve artigos para jornais e revistas e aceita convites para organizar exposições, como a que o transformou, no ano passado, em curador, no Museu do Louvre, em Paris. Lá, o autor teve o privilégio de passear sozinho pelos corredores do antigo palácio real francês nos dias em que o museu está fechado. E, como um moleque levado, aproveitou para alisar o bumbum da Vênus de Milo. Foi com esse mesmo espírito bem-humorado que Eco – envergando um elegante terno azul-marinho, que uma revolta gravata da mesma cor tratava de desalinhar; o rosto sem a característica barba grisalha (raspada religiosamente a cada 20 anos e, da última vez, em 2009, também porque o resistente bigode preto o fazia parecer Gengis Khan nas fotos) – conversou com a reportagem do Sabático.
O livro não está condenado, como apregoam os adoradores das novas tecnologias?
O desaparecimento do livro é uma obsessão de jornalistas, que me perguntam isso há 15 anos. Mesmo eu tendo escrito um artigo sobre o tema, continua o questionamento. O livro, para mim, é como uma colher, um machado, uma tesoura, esse tipo de objeto que, uma vez inventado, não muda jamais. Continua o mesmo e é difícil de ser substituído. O livro ainda é o meio mais fácil de transportar informação. Os eletrônicos chegaram, mas percebemos que sua vida útil não passa de dez anos. Afinal, ciência significa fazer novas experiências. Assim, quem poderia afirmar, anos atrás, que não teríamos hoje computadores capazes de ler os antigos disquetes? E que, ao contrário, temos livros que sobrevivem há mais de cinco séculos? Conversei recentemente com o diretor da Biblioteca Nacional de Paris, que me disse ter escaneado praticamente todo o seu acervo, mas manteve o original em papel, como medida de segurança.
Qual a diferença entre o conteúdo disponível na internet e o de uma enorme biblioteca?
A diferença básica é que uma biblioteca é como a memória humana, cuja função não é apenas a de conservar, mas também a de filtrar – muito embora Jorge Luis Borges, em seu livro Ficções, tenha criado um personagem, Funes, cuja capacidade de memória era infinita. Já a internet é como esse personagem do escritor argentino, incapaz de selecionar o que interessa – é possível encontrar lá tanto a Bíblia como Mein Kampf, de Hitler. Esse é o problema básico da internet: depende da capacidade de quem a consulta. Sou capaz de distinguir os sites confiáveis de filosofia, mas não os de física. Imagine então um estudante fazendo uma pesquisa sobre a 2.ª Guerra Mundial: será ele capaz de escolher o site correto? É trágico, um problema para o futuro, pois não existe ainda uma ciência para resolver isso. Depende apenas da vivência pessoal. Esse será o problema crucial da educação nos próximos anos.
Não é possível prever o futuro da internet?
Não para mim. Quando comecei a usá-la, nos anos 1980, eu era obrigado a colocar disquetes, rodar programas. Hoje, basta apertar um botão. Eu não imaginava isso naquela época. Talvez, no futuro, o homem não precise escrever no computador, apenas falar e seu comando de voz será reconhecido. Ou seja, trocará o teclado pela voz. Mas realmente não sei.

Como a crescente velocidade de processar dados de um computador poderá influenciar a forma como absorvemos informação?
O cérebro humano é adaptável às necessidades. Eu me sinto bem em um carro em alta velocidade, mas meu avô ficava apavorado. Já meu neto consegue informações com mais facilidade no computador do que eu. Não podemos prever até que ponto nosso cérebro terá capacidade para entender e absorver novas informações. Até porque uma evolução física também é necessária. Atualmente, poucos conseguem viajar longas distâncias – de Paris a Nova York, por exemplo – sem sentir o desconforto do jet lag. Mas quem sabe meu neto não poderá fazer esse trajeto no futuro em meia hora e se sentir bem?
É possível existir contracultura na internet?
Sim, com certeza, e ela pode se manifestar tanto de forma revolucionária como conservadora. Veja o que acontece na China, onde a internet é um meio pelo qual é possível se manifestar e reagir contra a censura política. Enquanto aqui as pessoas gastam horas batendo papo, na China é a única forma de se manter contato com o restante do mundo.
Em um determinado trecho de ‘Não Contem Com o Fim do Livro’, o senhor e Jean-Claude Carrière discutem a função e preservação da memória – que, como se fosse um músculo, precisa ser exercitada para não atrofiar.
De fato, é importantíssimo esse tipo de exercício, pois estamos perdendo a memória histórica. Minha geração sabia tudo sobre o passado. Eu posso detalhar sobre o que se passava na Itália 20 anos antes do meu nascimento. Se você perguntar hoje para um aluno, ele certamente não saberá nada sobre como era o país duas décadas antes de seu nascimento, pois basta dar um clique no computador para obter essa informação. Lembro que, na escola, eu era obrigado a decorar dez versos por dia. Naquele tempo, eu achava uma inutilidade, mas hoje reconheço sua importância. A cultura alfabética cedeu espaço para as fontes visuais, para os computadores que exigem leitura em alta velocidade. Assim, ao mesmo tempo que aprimora uma habilidade, a evolução põe em risco outra, como a memória. Lembro-me de uma maravilhosa história de ficção científica escrita por Isaac Asimov, nos anos 1950. É sobre uma civilização do futuro em que as máquinas fazem tudo, inclusive as mais simples contas de multiplicar. De repente, o mundo entra em guerra, acontece um tremendo blecaute e nenhuma máquina funciona mais. Instala-se o caos até que se descobre um homem do Tennessee que ainda sabe fazer contas de cabeça. Mas, em vez de representar uma salvação, ele se torna uma arma poderosa e é disputado por todos os governos – até ser capturado pelo Pentágono por causa do perigo que representa (risos). Não é maravilhoso?
No livro, o senhor e Carrière comentam sobre como a falta de leitura de alguns líderes influenciou suas errôneas decisões.
Sim, escrevi muito sobre informação cultural, algo que vem marcando a atual cultura americana que parece questionar a validade de se conhecer o passado. Veja um exemplo: se você ler a história sobre as guerras da Rússia contra o Afeganistão no século 19, vai descobrir que já era difícil combater uma civilização que conhece todos os segredos de se esconder nas montanhas. Bem, o presidente George Bush, o pai, provavelmente não leu nenhuma obra dessa natureza antes de iniciar a guerra nos anos 1990. Da mesma forma que Hitler devia desconhecer os relatos de Napoleão sobre a impossibilidade de se viajar para Moscou por terra, vindo da Europa Ocidental, antes da chegada do inverno. Por outro lado, o também presidente americano Roosevelt, durante a 2.ª Guerra, encomendou um detalhado estudo sobre o comportamento dos japoneses para Ruth Benedict, que escreveu um brilhante livro de antropologia cultural, O Crisântemo e a Espada. De uma certa forma, esse livro ajudou os americanos a evitar erros imperdoáveis de conduta com os japoneses, antes e depois da guerra. Conhecer o passado é importante para traçar o futuro.
Diversos historiadores apontam os ataques terroristas contra os americanos em 11 de setembro de 2001 como definidores de um novo curso para a humanidade. O senhor pensa da mesma forma?
Foi algo realmente modificador. Na primeira guerra americana contra o Iraque, sob o governo de Bush pai, havia um confronto direto: a imprensa estava lá e presenciava os combates, as perdas humanas, as conquistas de território. Depois, em setembro de 2001, se percebeu que a guerra perdera a essência de confronto humano direto – o inimigo transformara-se no terrorismo, que podia se personificar em uma nação ou mesmo nos vizinhos do apartamento ao lado. Deixou de ser uma guerra travada por soldados e passou para as mãos dos agentes secretos. Ao mesmo tempo, a guerra globalizou-se; todos podem acompanhá-la pela televisão, pela internet. Há discussões generalizadas sobre o assunto.
Falando agora sobre sua biblioteca, é verdade que ela conta com 50 mil volumes?
Sim, de uma forma geral. Nesse apartamento em Milão, estão apenas 30 mil – o restante está no interior da Itália, onde tenho outra casa. Mas sempre me desfaço de algumas centenas, pois, como disse antes, é preciso fazer uma filtragem.
Por que o senhor impediu sua secretária de catalogá-los?
Porque a forma como você organiza seus livros depende da sua necessidade atual. Tenho um amigo que mantém os seus em ordem alfabética de autores, o que é absolutamente estúpido, pois a obra de um historiador francês vai estar em uma estante e a de outro em um lugar diferente. Eu tenho aqui literatura contemporânea separada por ordem alfabética de países. Já a não contemporânea está dividida por séculos e pelo tipo de arte. Mas, às vezes, um determinado livro pode tanto ser considerado por mim como filosófico ou de estética da arte; depende do motivo da minha pesquisa. Assim, reorganizo minha biblioteca segundo meus critérios e somente eu, e não uma secretária, pode fazer isso. Claro que, com um acervo desse tamanho, não é fácil saber onde está cada livro. Meu método facilita, eu tenho boa memória, mas, se algum idiota da família retira alguma obra de um lugar e a coloca em outro, esse livro está perdido para sempre. É melhor comprar outro exemplar (risos).
Um estudioso que também é seu amigo, Marshall Blonsky, escreveu certa vez que existe de um lado Umberto, o famoso romancista, e de outro Eco, professor de semiótica.
E ambos sou eu (risos). Quando escrevo romances, procuro não pensar em minhas pesquisas acadêmicas – por isso, tiro férias. Mesmo assim, leitores e críticos traçam diversas conexões, o que não discuto. Lembro de que, quando escrevia O Pêndulo de Foucault, fiz diversas pesquisas sobre ciência oculta até que, em um determinado momento, elas atingiram tal envergadura que temi uma teorização exagerada no romance. Então, transformei todo o material em um curso sobre ciência oculta, o que foi muito bem-feito.
Por falar em ‘O Pêndulo de Foucault’, comenta-se que o senhor antecipou em muito tempo O Código de Da Vinci, de Dan Brown.
Quem leu meu livro sabe que é verdade. Mas, enquanto são os meus personagens que levam a sério esse ocultismo barato, Dan Brown é quem leva isso a sério e tenta convencer os leitores de que realmente é um assunto a ser considerado. Ou seja, fez uma bela maquiagem. Fomos apresentados neste ano em uma première do Teatro Scala e ele assim se apresentou: “O senhor não me admira, mas eu gosto de seus livros.” Respondi: Não é que eu não goste de você – afinal, eu criei você (risos).
Em seu mais conhecido romance, O Nome da Rosa, há um momento em que se discute se Jesus chegou a sorrir. É possível pensar em senso de humor quando se trata de Deus?
De acordo com Baudelaire, é o Diabo quem tem mais senso de humor (risos). E, se Deus realmente é bem-humorado, é possível entender por que certos homens poderosos agem de determinada maneira. E se ainda a vida é como uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, como Shakespeare apregoa em Macbeth, é preciso ainda mais senso de humor para entender a trajetória da humanidade.
Como foi a exposição no Museu do Louvre, em Paris, da qual o senhor foi curador, no ano passado?
Há quatro anos, o museu reserva um mês para um convidado (Toni Morrison foi escolhida certa vez) organizar o que bem entender. Então, me convidaram e eu respondi que queria fazer algo sobre listas. “Por quê?”, perguntaram. Ora, sempre usei muitas listas em meus romances – até pensei em escrever um ensaio sobre esse hábito. Bem, quando se fala em listas na cultura, normalmente se pensa em literatura. Mas, como se trata de um museu, decidi elaborar uma lista visual e musical, essa sugerida pela direção do Louvre. Assim, tive o privilégio (que não foi oferecido a Dan Brown) de visitar o museu vazio, às terças-feiras, quando está fechado. E pude tocar a bunda da Vênus de Milo (risos) e admirar a Mona Lisa a apenas 20 centímetros de distância.
O senhor esteve duas vezes no Brasil, em 1966 e 1979. Que recordações guarda dessas visitas?
Muitas. A primeira, em São Paulo, onde dei algumas aulas na Faculdade de Arquitetura (da USP), que originaram o livro A Estrutura Ausente. Já na segunda fui acompanhado da família e viajamos de Manaus a Curitiba. Foi maravilhoso. Lembro-me de meu editor na época pedindo para eu ficar para o carnaval e assistir ao desfile das escolas de samba de camarote, o que não pude atender. E também me recordo de imagens fortes, como a da moça que cai em transe em um terreiro (para o qual fui levado por Mario Schenberg) e que reproduzo em O Pêndulo de Foucault.
Ubiratan Brasil, para o Caderno 2 do Estadão. Extraído de DigitalManuscripts

 

Brasileiro não gosta de ler brasileiro mito ou verdade?

maisvendidos [Papo Cabeça] Brasileiro não gosta de ler brasileiro
Brasileiro não gosta de ler escritor brasileiro. Basta conferir nas listas “dos mais vendidos” que saem nos cadernos culturais e nas revistas semanais. Pegue as listas da Veja, por exemplo. Se for obra de ficção o cara só vai encontrar “best-seller” de escritor estrangeiro, norte-americano de preferência. Na  da Veja desta semana dos dez livros de ficção mais vendidos, 8 são de autores norte-americanos, 1 canadense e 1 (viva!) brasileiro. Só que o patrício, de nome Augusto Cury, psiquiatra, joga mais no time de escritores tipo autoajuda e não entendi como chegou à categoria de ficção.
A campeoníssima é a escritora Stephanie Meyer, dos Estados Unidos. Está no placar com quatro livros, sendo que um deles, “Crepúsculo”, tem lugar cativo na lista há 85 semanas. Outra norte-americana, L.S. Smith, comparece com dois livros. Os outros gringos são Dan Brown e Rick Riordan, americanos, e William Young, canadense, que fala muito do amor de Deus em sua literatura. Europa toda de fora; escritor latino-americano nem pensar. Africano faz muito tempo que não é citado e olhe, cara, que tem muita gente boa, alguns com o Nobel brilhando no peito, isso sem falar em Mia Couto, Pepetela, Manoel Lopes, José Craverinha, Helder Macedo, José Eduardo Agualusa, Ondjaki, Agostinho Neto, Gonçalo M. Tavares, africanos que falam e escrevem em língua portuguesa.
Entre os  leitores natalenses, claro, acontece o mesmo “fenômeno”. Confiro na lista da Siciliano, que sai colada à coluna de Carlos Souza, “Toque – Livros & Cultura”, todas as quartas-feiras nesta brava Tribuna do Norte, às vésperas (será em março) de comemorar 60 anos. Um detalhe: no placar dos livros de ficção mais vendidos na Siciliano de Natal não há nenhum autor brasileiro. Só a danada da americana Stephanie Meyer ocupa a metade da lista dos “10 mais”.
Se for livro de Poesia, aí, então, é uma verdadeira catástrofe. Em lista nenhuma encontra-se um livro de poema, um só. Nem de poeta de além mar, nem de nativo das praias de cá. Nem um Fernando Pessoa, nem um Carlos Drummond de Andrade. Nem na Veja nem na Siciliano. Bom, na lista da Siciliano, abre-se,  aqui e acolá uma exceção, mormente dias após o lançamento para livro de poeta desta aldeia de Poti mais esquecida. Olhe lá.
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Nem os premiados

Nem entre os autores brasileiros premiados, em cujos céus flutua a nata de nossa literatura, são encontrados nas listas dos “10 mais lidos”. Brasileiro também não gosta de ler escritor premiado. Estou aqui com a relação dos premiados nos três mais importantes prêmios literários do país, ano passado, e não vejo nenhum deles em lista nenhuma. Os prêmios são o Jabuti – o mais antigo dos três -, o Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa e o Prêmio São Paulo de Literatura, este pagando uma nota de 200 mil reais ao vencedor.
O Jabuti de 2009, categoria Romance, foi para o escritor gaúcho Moacyr Scliar, com Manual da Paixão Solitária. O segundo lugar ficou com o amazonense Milton Hatoum, Órfãos do Eldorado. Na categoria Poesia, venceu Alice Ruiz S. com Dois em um. Ela é paranaense e tem mais de vinte livros publicados. Os três estão ausentes.
O vencedor do Prêmio Telecom foi o escritor e artista plástico paulista Nuno Ramos, com o romance Ó, que eu não vi ainda em nenhuma lista. Nem daqui e nem de fora. O cara enfrentou feras, entre eles um verdadeiro escrete de escritores portugueses começando por José Saramago (A viagem do elefante), António Lobo Antunes (Ontem não te vi em Babilônia), Inês Pedrosa (A eternidade e o desejo), Gonçalo M. Tavares (Aprender a rezar na era da técnica) e Miguel de Souza Tavares (Rio das Flores).
O romance de Nuno Ramos foi um dos livros que mais me encantou em minhas leituras do ano passado. O poeta Alex Nascimento, que o leu numa noitada só, anda dizendo loas para o livro. Também não está na lista da Siciliano, mas foi lá onde eu peguei.
ronaldobe [Papo Cabeça] Brasileiro não gosta de ler brasileiro

Nem Galiléia

O prêmio literário brasileiro de maior valor em dinheiro, o São Paulo de Literatura de 2009,  coube a um escritor nordestino: Ronaldo Correia de Brito. Excelente contista, estreava no romance com Galiléia, escolhido como o “Livro do Ano de 2008”. Não me lembro de ter visto Galiléia nas listas dos 10 livros mais vendidos no Recife, onde vive o escritor, nem na lista dos jornais do Ceará, onde ele nasceu. Na revista Veja, nem pensar. Mas ler Ronaldo Correia de Brito, que andou por aqui ano passado na Festa Literária de Pipa, é uma delícia. Conversar com ele, também.
O gancho que me levou a essas notas partiu de uma leitura de revistas e jornais que o Marechal Porpa (Luiz Antônio Porpino) me trouxe de Portugal, por onde andou recentemente depois de escorregar nas neves da Alemanha e Holanda. Conferi em “NS”, revista semanal que sai na edição de sábado do Diário de Notícias, de Lisboa, as novidades literárias de Portugal. Fui à lista dos “mais vendidos”. Ficção. Lá são cinco.  Quatro são portugueses e um norte-americano. O gringo é o Dan Brown, que aparece nas listas brasileiras (Veja). É o mesmo autor de “O Código da Vinci” e que agora reina nos best-selers com “Símbolo Perdido”. Lá e cá.
Os portugueses são: José Rodrigues dos Santos (Fúria Divina), nascido em Moçambique e que também integra o time dos mais importantes jornalistas de Portugal, Margarida Rebelo Pinto (O dia em que te esquecerei), José Saramago (Caim) e Ricardo Araújo Pereira (Novas Crônicas da Boca do Inferno). A revista do DN, edição de 2 a 8 de janeiro, abre ainda espaços para Garcia Lorca e Albert Camus
O número de 26 de dezembro de 2009 a 1 de janeiro traz textos de Inês Pedrosa, Gonçalo M. Tavares, Irene Pimentel, José Luís Peixoto, José Tolentino Mendonça, Lídia Jorge, Margarida Rebelo Pinto, Nuno Júdice, Rita Ferro e Vasco Graça Moura sobre fotos de alguns dos principais fatos ocorridos no mundo. Faz resenhas também dos últimos livros de Saramago (Caim) e Antônio Lobo Antunes (Que cavalos são aqueles que fazem sobra no mar), apontando-o como “candidato ao melhor romance do ano”.
Fernando Pessoa
Na secção de Livros do Jornal de Negócios tem o registro do lançamento do livro de Fernando Pessoa. Livro de Viagem, afirmando que é “sempre agradável viajar à boleia de seus poemas”. Tem uns versos que eu destaco: O comboio abranda, é o Cais de Sodré. / Cheguei a Lisboa, mas não a uma conclusão.
Fonte: Tribuna do Norte, de Natal

Prêmio Nobel de Literatura 2010 vai para o Peruano Mario Vargas Llosa

 [Notícias] Prêmio Nobel de Literatura 2010 vai para o Peruano Mario Vargas Llosa
O prêmio Nobel de literatura de 2010, divulgado nesta quinta-feira (7) às 8h (horário de Brasília), foi para o escritor peruano Mario Vargas Llosa, de 74 anos.
De acordo com a Academia Sueca, a escolha seu deu por conta da “cartografia das estruturas do poder e afiadas imagens de resistência, rebelião e derrota do indivíduo” que aparecem na obra de Llosa.
Peter Englund, presidente do júri de literatura do Nobel, afirmou que Vargas Llosa se disse “muito comovido e entusiasmado” ao saber do prêmio. O escritor, que está em Nova York, onde é professor visitante na Universidade de Princeton, contou a Englund que “tinha levantado às cinco da manhã para dar uma aula” e que quando recebeu a notícia já “trabalhava intensamente”.
Llosa receberá um prêmio no valor de 10 milhões de coroas suecas (1,5 milhão de dólares). A cerimônia de premiação está marcada para o dia 10 de dezembro.
Autor de romances marcados por questões políticas da América Latina – e não raro autobiográficas -, como “A cidade e os cachorros”, “Pantaleão e as visitadoras”, “A festa do bode” e “Travessuras da menina má”, Llosa já havia vencido, entre outros, o Prêmio Cervantes, o mais importante da literatura em língua espanhola, em 1994. O Brasil costuma ser tema de seus textos, sejam ensaios políticos ou romances, como em “A guerra do fim do mundo”, de 1981, inspirado na Guerra de Canudos.
A liberdade e a democracia são o verdadeiro caminho do progresso, que acredito que seja o papel de um escritor defender”Mario Vargas Llosa

Papéis bíblicos de dois mil anos irão para a web

Documentos de 2 mil anos serão disponibilizados gratuitamente. Obras foram encontradas entre 1947 e 1956 no Mar Morto.
01zdocumentosmaiss [Notícias] Papéis bíblicos de dois mil anos irão para a web
O departamento israelense de antiguidades e o Google anunciaram nesta terça-feira (19) o lançamento de um projeto para divulgar, na internet, os manuscritos do Mar Morto, que contêm alguns dos mais antigos textos bíblicos.
O plano, que custará US$ 3,5 milhões (2,5 milhões de euros) tem o objetivo de disponibilizar gratuitamente esses documentos, que possuem cerca de 2 mil anos.
“É a descoberta mais importante do século 20 e vamos compartilhá-la com a tecnologia mais avançada do século 21″, afirmou a responsável pelo projeto do departamento israelense, Pnina Shor, em uma coletiva de imprensa em Jerusalém.
A administração israelense captará imagens em alta definição utilizando uma tecnologia “multiespectral” desenvolvida pela Nasa. As imagens serão, posteriormente, publicadas na internet pelo Google em uma base de dados. As traduções dos textos também serão colocadas à disposição. Shor afirmou que as primeiras imagens estarão disponíveis nos próximos meses e o projeto terminará em cinco anos.
“Todos os que possuem uma conexão à internet poderão acessar algumas das obras mais importantes da humanidade”, disse o diretor do centro de pesquisa e desenvolvimento do Google em Israel, Yossi Mattias.
Descoberta arqueológica
Acredita-se que os 900 manuscritos encontrados entre 1947 e 1956 nas grutas de Qumran, no Mar Morto, constituem uma das descobertas arqueológicas mais importantes de todos os tempos. No material encontrado, há pergaminhos e papiros com textos religiosos em hebraico, aramaico e grego, assim como o Antigo Testamento mais velho que se conhece.

todo lugar tem um historia pra contar

Todo lugar tem uma história pra contar

25280 [Leia mais] Todo lugar tem uma história pra contar
Dia 29 de outubro foi  Dia Nacional do Livro, porque nessa data, em 1810, foi fundada a Biblioteca Nacional. Para comemorar, a CBL (Câmara Brasileira do Livro) encomendou à agência ageisobar uma ação de incentivo à leitura. Confira o resultado no vídeo abaixo.
A criação é de Andre Fukumoto, Charles Faria, Henrique Mattos e Daguito Rodrigues, sob a direção de Carlos Domingos.

 

Eu te vejo...


"Eu te vejo no sol de cada dia
que entre as brancas nuvens
vem sempre me trazer calor.
Eu te vejo na prata da lua,
que rodeada de estrelas brilha,
e me ensaia um sorriso.
Eu te vejo no manto azul do mar,
que em suas profundezas e mistérios,
parece sempre querer me abraçar.
Eu te vejo no pássaro que canta,
e com sua doce melodia,
rouba meu coração."


DESEJO O MAIS BELO FIM DE SEMANA...!


Faça seu próprio filme, leia um livro

Uma campanha muito bem produzida, com um visual sensacional. Inspirados no conceito “Faça seu próprio Filme. Leia um livro” os Criativos da agência Air, da Bélgica desenvolveram uma série de anúncios ambientados no romance A Metamorfose, de Franz Kafka. Cada um mostra o livro sobre um ponto de vista diferente: filme de terror, animação, bollywood e Las Vegas. O apelo, claro, é que um livro é diferente para cada pessoa, que pode imaginar seus próprios personagens e cenários.
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KafkaLasVegas 1 [Leia Mais] Faça seu próprio filme, leia um livro

criatividade para todos............

De onde surgem as IDEIAS?
Somente em 2009, foram feitos mais de 25 mil pedidos de patentes ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi)
TATIANA LAGÔA 
Você já parou para pensar de onde vieram os objetos que usa no dia a dia? Grande parte deles surgiu de alguma dificuldade. E o Brasil está lotado de pessoas que tornaram suas frustrações em algo útil: só em 2009, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) registrou mais de 25 mil pedidos de patentes. Esses inovadores serão homenageados nesta quarta-feira, quando se comemora o Dia do Inventor Brasileiro.
José Rodrigues de Resende, 40, conhecido em Central de Minas, no Leste mineiro, onde vive, como Zé Batata, colocou a criatividade em prática porque precisava agilizar o trabalho. E, no ano passado, criou uma "descamadora" de peixes - serviço que fazia manualmente. Além de reduzir o tempo gasto no trabalho em três vezes, ele conseguiu o prêmio Criatividade Rural 2009 da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater MG).
O inventor sabe na ponta da língua de onde surgiu esse e vários outros inventos: "A necessidade é a mãe de todas as invenções", filosofou. O consultor e palestrante sobre criatividade e inovação Antônio Carlos Teixeira da Silva concorda. "Todo ser humano tem criatividade. As ideias surgem da necessidade de melhorar o que já existe ou simplificar o seu uso. Elas podem vir espontaneamente ou por demanda, mas é preciso haver o sentimento de que aquilo é necessário", afirma.
Dificuldades mesmo quem passou foi o aposentado Antônio José de Carvalho, 53. Ele patenteou 44 inventos e jura que todos surgiram após algum "aperto". "Há situações que fazem a gente procurar meios de resolver. Aí a gente acaba criando algo que não existia", explica. Desde o ano passado, por exemplo, ele não vive mais o "inconveniente" de ter que fazer ovo cozido com casca. "Sempre que eu cozinhava, ficava irritado de ter que fazer o ovo com casca e descascar depois de pronto. Inventei umas formas onde coloco o ovo descascado, e ele cozinha em banho maria", comemora.
Cansado de ter que alertar as duas filhas que elas estavam com a postura incorreta na frente do computador, Gilbert Salazar Batista criou o monitor postural. O objeto é colocado na cintura das meninas e, quando elas ficam com a postura inadequada, começa a vibrar. "Foi uma ideia meio no estalo. Não aguentava mais ter que ficar alertando toda hora que elas estavam encurvadas", conta. Agora que patenteou o produto, ele espera conseguir ganhar dinheiro com o invento. A expectativa é que uma empresa se interesse em produzi-lo em grande escala para comercialização.
Mas não basta inventar. É preciso provar que uma ideia é nova e registrá-la para receber os méritos. "É muito comum as pessoas não darem atenção ao projeto que têm e, por isso, perderem para outras pessoas ou até empresas que tomam a ideia como se fosse delas", afirma o presidente da Associação Brasileira de Inventores, Carlos Mazzei.
O primeiro passo para evitar o problema é fazer uma pesquisa na internet para confirmar se o invento de fato não existe. Depois, é necessário registrar uma patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). A Associação Nacional dos Inventores (www.inventores.com.br) oferece assessoria para quem quer registrar uma ideia nova. O valor cobrado varia conforme a demanda. As dúvidas podem ser tiradas pelo telefone (21) 2139-3638.

 

meia-idade... eu?

Crise da meia-idade: um mito?
Cada pessoa reage de forma diferente quando a idade começa a pesar


ANA ELIZABETH DINIZ
Quem falou que crise é algo ruim? Ela pode ser uma ótima oportunidade de transformação, de virar a mesa. Chegar à faixa dos 40, 50 anos, não é o fim do mundo, definitivamente.
De acordo com Carlo Strenger, professor da Universidade de Tel Aviv, o aumento da expectativa de vida nas últimas décadas deve fazer com que as pessoas mudem sua ideia de que essa fase seja algo ruim.
"As pessoas passaram a viver vidas mais completas e com mais tempo. Então, precisamos deixar esse estereótipo e começar a pensar em termos de ‘transição da meia-idade’, e não em crise", afirma.
Em artigo escrito em parceria com o pesquisador israelense Arie Ruttenberg e publicado no ano passado na revista norte-americana "Harvard Business Review", o professor afirmou que os anos posteriores à meia-idade representam a melhor época para prosperar e crescer.
Baseado em pesquisa com evidências empíricas e estudos de campo, Strenger descarta o mito de que estar por volta dos 50 anos significa ter que se adaptar para diminuir expectativas.
Imagem. Para Ângela Mucida, psicanalista, mestre em filosofia e doutoranda em psicologia, a etimologia da palavra crise (crìsis,is do latim) é interessante.
"Trata-se de uma mudança súbita implicando um perigo e impondo uma decisão ou uma condução. Não é possível, diante de uma crise, manter-se incólume. A crise de meia-idade pode ser pensada como um momento, variável para cada sujeito, no qual ele se depara com mudanças efetivas que tocam sua imagem, seu corpo e, sobretudo, seus laços sociais. Essas mudanças sinalizam para o sujeito que há um limite do tempo".
A psicanalista não tem dúvidas de que a crise da meia-idade existe. "O real é efetivo porque na vida as coisas não se engatam de maneira perfeita. A passagem do tempo trará sempre em sua sola mudanças e até perdas efetivas que podem fazer "trepidar" muitas maneiras do sujeito se manter na vida", diz ela.
O mundo está cheio desses exemplos. "É a mãe que investiu tudo na maternidade e de repente se vê só, sem seus filhos, um sujeito que se via apenas como trabalhador e se aposenta, alguém que se identificava com suas belas formas e o tempo as esculpiu de maneira irrevogável. Enfim, há várias maneiras de essa ‘crise’ tomar corpo. Ela se mostra sempre muito singular, pois se relaciona à história de vida de cada um", pontua Ângela.
Sem regras. A crise, segundo a psicanalista, não escolhe sexo. "O homem identifica seu lado homem com as conquistas e o poder. O limite do tempo a essas realizações pode acarretar efeitos de crise. A mulher, mesmo participando do mundo das conquistas e do poder, não identifica nele seu ‘ser’ de mulher. Em geral, sofrem mais os efeitos da passagem do tempo sobre a imagem e o corpo, pois eles se traduzem como desvalorização subjetiva. Ambos são suscetíveis às crises, pois sofrem os efeitos do discurso atual que valoriza especialmente o poder, a performance e as belas formas".
Não existem regras nem receitas para superar as crises. "Cada pessoa só pode fazê-lo pelos meios, com seus traços, sua maneira de gerir as mudanças e, sobretudo, sua capacidade de fazer o luto, ou seja, capacidade de substituir uma coisa por outra. Acho fundamental elaborar as perdas e mudanças. Não creio que seja possível evitar as crises, mas elas podem ser tratadas. Cada um deve aprender a ‘ler’ o que o angustia na passagem do tempo", pontua Ângela Mucida.
Dicas 
- Desenvolva metas e vá atrás de objetivos que sejam realmente importantes para você.
- Pense mais em você. Considere o que você mais preza e as suas qualidades e deixe de 
lado o que os outros esperavam de você. 
- Não tenha medo de superar obstáculos ao realizar novas mudanças em sua vida. Invista em novas possibilidades.
- Cultive as novas e antigas amizades.
- Reveja seus valores. Mantenha a atividade do corpo, com exercícios, e da cabeça, com leituras e outros passatempos.

MINIENTREVISTA
"Esse é um momento especial, uma chamada para identificarmos o que de fato é importante para nós"
Pedro Paulo Monteiro Gerontólogo
O que você diria sobre a crise da meia-idade? É um momento de mudanças. O que não é fácil, pois somos resistentes em deixar nossa zona de conforto. Porém, temos de decidir qual caminho seguir. Não sabemos se a direção escolhida será melhor ou pior. Simplesmente temos de optar e experimentar uma nova forma. A palavra "crise", no latim, pode também significar ruptura, término de um estado para se iniciar outro.
Ela existe mesmo? Experimentamos na meia-idade porque passamos a ver a vida de outro modo, passamos de um estado de perspectiva a outro. Quando criança, pensamos em brincar; quando adultos, somos instigados a ter maiores responsabilidades no âmbito do trabalho e da família. Ao chegarmos à meia-idade, passamos a pensar a vida por outro ângulo. Não mais pensamos como pensávamos antes. Sabemos que não somos os heróis como acreditávamos ser. Nessa fase, surgem outras demandas como, por exemplo, ter mais atenção à nossa própria história de vida. Ou seja, o que foi e o que poderá ser.
Quando ocorre? Sobretudo quando sofremos um impasse. No momento em que temos de decidir o que fazer de nossas vidas. É comum surgir questionamentos existenciais a partir dos 40 anos, mas isso não é uma regra, depende de como o sujeito experimenta o seu viver.
Podemos evitá-la? Não penso que deveríamos evitar o que nos faz sentir. Pode ser difícil, ainda mais em tempos de tantas distrações. Vejo a crise da meia-idade como uma oportunidade de se fazer uma revisão de nossa história. Aquilo que é de fato importante para nós, o que é desejo e o que é necessidade.
Pedro Paulo Monteiro vê a crise da meia-idade como uma oportunidade que as pessoas têm de fazer uma revisão em sua trajetória e história de vida