sábado, 7 de maio de 2011

10 mitos sobre o cérebro por Shanna Freeman

O cérebro é um dos mais incríveis órgãos do corpo humano. Ele controla nosso sistema nervoso central, mantendo-nos andando, falando, respirando e pensando. O cérebro é também incrivelmente complexo, sendo composto de cerca de 100 bilhões de neurônios. Há tanta coisa acontecendo no cérebro que existem vários campos diferentes da medicina e da ciência devotados a tratá-lo e a estudá-lo, incluindo a neurologia, que trata distúrbios físicos do cérebro; a psicologia, que inclui o estudo dos processos comportamentais e mentais; e a psiquiatria, que trata doenças mentais e distúrbios. Alguns aspectos de cada um tendem a se sobrepor, e outros campos se cruzam dentro do estudo do cérebro também.
Essas disciplinas estão aí de alguma forma desde os tempos antigos, por isso você poderia pensar que até o momento já deveríamos saber tudo o que há para saber sobre o cérebro. Nada poderia ir além da verdade. Depois de milhares de anos de estudo e tratamento de cada aspecto dele, ainda há muitas facetas do cérebro que permanecem um mistério. E porque o cérebro é tão complexo, tendemos a simplificar a informação sobre como ele funciona para torná-lo mais compreensível.
Ambas essas coisas colocadas juntas resultaram em muitos mitos sobre o cérebro. A maioria não está totalmente fora - nós apenas não ouvimos a história toda. Vamos dar uma olhada nos 10 mitos que têm circulado sobre o cérebro, começando com sua cor.
Depois de milhares de anos de estudo e tratamento de cada aspecto dele, ainda há muitas facetas do cérebro que permanecem um mistério
Depois de milhares de anos de estudo e tratamento de cada aspecto dele,
 ainda há muitas facetas do cérebro que permanecem um mistério

10. Seu cérebro é cinza

9. Ouvir Mozart o torna mais inteligente

8. Seu cérebro ganha rugas quando você aprende algo

7. Você pode aprender através de mensagens subliminares

6. O cérebro humano é o maior

5. O cérebro ainda funciona depois de uma decapitação

4.Lesões no cérebro são sempre permanentes

3. Drogas fazem buracos no cérebro

2. O álcool mata as células cerebrais

Até em alcóolicos, o uso do álcool não resulta de fato em morte das células do cérebro. Ele pode, contudo, danificar as terminações nervosas, chamadas de dendritos. Isso resulta em problemas no transporte de mensagens entre os neurônios. A célula em si não é danificada, mas a forma como ela se comunica com outras é alterada. De acordo com pesquisadores como Roberta J. Pentney, professora de anatomia e biologia celular da Universidade de Buffalo, esse dano é reversível na maioria das vezes.
Alcoólicos desenvolvem um distúrbio neurológico chamado síndrome de Wernicke-Korsakoff, que pode resultar em perda de neurônios em algumas partes do cérebro. Essa síndrome também causa problemas de memória, confusão, paralisia dos olhos, falta de coordenação muscular e amnésia. E pode levar à morte.

1. Você usa só 10% do cérebro

Imagens do cérebro mostraram que não importa o que estamos fazendo, nosso cérebro está sempre ativo. Algumas áreas são mais ativas que outras, mas a menos que tenhamos dano cerebral, não há uma parte do cérebro que não esteja funcionando. Aqui está um exemplo. Se você estiver sentado na mesa, comendo um sanduíche, você não está usando ativamente seu pé. Você está concentrado em levar o sanduíche à boca, mastigá-lo e engoli-lo. Mas isso não significa que seus pés não estejam funcionando - ainda há atividade neles, como fluxo sanguíneo, mesmo quando você não os está movendo.
Por isso não existe potencial extra escondido que você possa mexer, em termos do espaço no cérebro. Talvez em capacidade, mas isso é outra história. Há muito ainda a aprender sobre ele.

Imagens do cérebro mostraram que não importa o que estamos fazendo, nosso cérebro está sempre ativo. Algumas áreas são mais ativas que outras, mas a menos que tenhamos dano cerebral, não há uma parte do cérebro que não esteja funcionando. Aqui está um exemplo. Se você estiver sentado na mesa, comendo um sanduíche, você não está usando ativamente seu pé. Você está concentrado em levar o sanduíche à boca, mastigá-lo e engoli-lo. Mas isso não significa que seus pés não estejam funcionando - ainda há atividade neles, como fluxo sanguíneo, mesmo quando você não os está movendo.
Por isso não existe potencial extra escondido que você possa mexer, em termos do espaço no cérebro. Talvez em capacidade, mas isso é outra história. Há muito ainda a aprender sobre ele.


sexta-feira, 6 de maio de 2011

"o vírus" da falta de confiança, a cultura como relacionamento...

E se Portugal tiver caído numa situação em que somos incapazes de alcançar soluções cooperativas devido à ausência de confiança? João Rodrigues

Estamos fartos de saber que vivemos num dos países com maior desigualdade de rendimentos do mundo desenvolvido. Sabemos que somos um dos países europeus onde as pessoas menos confiam umas nas outras. A confiança na capacidade das instituições também não parece ser propriamente elevada. E se isto estiver tudo ligado? E se Portugal tiver caído numa armadilha social, ou seja, numa situação em que somos incapazes de alcançar soluções cooperativas com benefícios sociais evidentes devido à ausência de confiança?

O trabalho de investigação de Bo Rothstein, cientista político sueco ligado ao interessante Quality of Government Institute, tem apontado para uma versão da armadilha social que parece aplicar-se bem a Portugal. A elevada desigualdade de rendimentos contribui para os baixos níveis de confiança social. Sem confiança é difícil forjar políticas públicas redistributivas de alcance universal, associadas a um Estado social robusto, que são precisamente a forma mais eficaz de diminuir as desigualdades e a pobreza e de alimentar a crença partilhada de que, num certo e real sentido, "estamos todos no mesmo barco". Nos países com uma variedade de capitalismo mais igualitária, a legitimidade das instituições, mercantis e não-mercantis, é maior e a corrupção é menor. 


Como sair desta armadilha social? Não é fácil. Creio que uma proposta singela, que parece ser hoje consensual entre muita gente à esquerda em Portugal, pode ajudar: eliminar progressivamente as deduções e benefícios fiscais aos produtos privados de poupança para a reforma e às despesas privadas em educação e saúde nas áreas em que haja oferta pública. Anular-se-ia o regressivo incentivo fiscal ao abandono dos serviços públicos pelos grupos mais privilegiados. Este abandono reflecte e consolida os preconceitos de classe e aumenta a resistência ao pagamento de impostos para financiar os serviços que beneficiam os "outros", os "pobres". 



Bens e serviços públicos de acesso universal e sem barreiras - nas áreas da segurança social, da educação ou da saúde -, financiados por um sistema fiscal fortemente progressivo, estão mais protegidos politicamente porque todos os grupos deles beneficiam. Instituições funcionais partilhadas por todos são uma das melhores formas de combater as desigualdades e de gerar confiança. As "elites", chamadas a dar o exemplo por António Barreto, deveriam ajudar a reforçar a provisão pública, o principal pilar de uma sociedade decente. Desconfio que, mesmo em tempo de crise, não o farão voluntariamente?


Economista e co-autor do blogue Ladrões de Bicicletas

Legalização da maconha


Legalização da maconha


Como se já não bastasse vivermos uma sociedade desfavorável para se conseguir atingir níveis satisfatórios de qualidade de vida. Afinal, são tantas as questões de violência no dia-a-dia do cidadão comum, somados aos fatores: transito caótico agravado por motoristas usuários de álcool e todos os outros tipos de drogas psicotrópicas, corrupção, negligencia e incompetência que prejudica serviços tanto públicos quanto privados e outras mazelas sociais que nos atingem. Agora surge mais esta “pérola” de alguns que querem legalizar a maconha. Simplesmente ignoram o quanto de malefícios que tal medida causaria a população e de um modo geral, a vida em si na nossa já conturbada sociedade. O pior é que a campanha reúne em suas fileiras, pessoas que podem ser consideradas como celebridades. São cidadãos, que devido ao quanto podem influenciar os menos avisados, demonstram serem insensíveis a responsabilidade de suas falas e atitudes. Sejam eles motivados por desejos próprios de usuários que buscam se garantirem e se justificarem, sejam pessoas que apesar de ter algum talento, notadamente não parecem ter desenvolvido a capacidade de compreenderem as coisas como elas realmente são, e, consequentemente acabam tendo a sua opinião manipulada pelo discurso convincente de outros mais espertos, ou seja, pessoas que agindo como predadores sociais enxergam apenas boas oportunidades de negócios e se esmeram na arte do convencimento. O fato mais assustador, é que este tipo de movimento recebe o reforço de políticos que em vez de estarem trabalhando pela educação, prevenção e real melhora da qualidade de vida dos eleitores, preferem defender implausíveis “estórinhas” de que estão querendo acabar com o tráfico e os traficantes. Só que a esta altura da vida contemporânea, o cidadão comum já entendeu que seja lá sob qual justificativa que for, querer legalizar o trabalho e o produto de quem se mostra indiferente a vida do semelhante, vende substancias que causam dor e sofrimento as famílias, alem de que pode causar morte de forma tanto lenta quanto rápida, seria como propor legalizar a ação de quem visando apenas o próprio bem, vida fácil e enriquecimento ilícito, rouba, assalta e mata. Percebe-se claramente que tal medida, tornaria ainda mais sobressaltada a vida daqueles que só querem viver, prosperar e cuidar da família em paz.

Médico Psiquiatra e autor do livro Armadilha Social.

Efeitos colaterais possíveis da maconha
Alguns deles são:
  • problemas com a memória e com o aprendizado
  • percepção distorcida
  • dificuldade com pensamentos e solução de problemas
  • perda da coordenação
  • aumento dos batimentos cardíacos
  • ansiedade, paranóia e ataques de pânico
O debate sobre a intensidade do vício à maconha continua. Estudos, ainda em andamento, mostram os inúmeros sintomas possíveis associados à interrupção do uso da maconha. Estes sintomas quase sempre incluem: irritabilidade, nervosismo, depressão, ansiedade e até raiva. Outros sintomas são inquietação, mudanças importantes no apetite, ataques de violência, sono leve ou mesmo insônia. Além destes possíveis efeitos físicos, uma dependência psicológica quase sempre se desenvolve, pois a mente do usuário ambiciona o sentimento de leveza que consegue ao usar a droga.



As mastigadas
Um fenômeno particular associado ao uso da maconha é o aumento do apetite. Pesquisas mostram que a maconha torna a alimentação mais prazerosa e aumenta o número de refeições diárias dos usuários, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde norte americano (em inglês).
Até recentemente, este fenômeno era um relativo mistério. Contudo, um recente estudo de cientistas italianos pode ter explicado o que aumenta o apetite entre os usuários de maconha: moléculas chamadas de endocanabinóides se ligam aos receptores no cérebro e ativam a sensação de fome.
Esta pesquisa indica que os endocanabinóides do hipotálamo do cérebro ativam receptores canabinóides que são responsáveis pela manutenção da entrada de alimentos. Os resultados deste estudo foram publicados na edição de abril de 2001, da revista científicaNature (em inglês).

Uso

Maconha é facilmente encontrada em quase todas as esquinas dos Estados Unidos, de acordo com o Departamento de Justiça (em inglês). É cultivada em plantações caseiras, em fazendas e nos subúrbios das cidades. As plantações de cannabis são freqüentemente encontradas em terras públicas, em locais afastados para prevenir sua localização e preservar a identidade dos cultivadores. Em 2003, as autoridades de coação às drogas apreenderam mais de 1 milhão de quilos de maconha proveniente de operações ilegais. A erva também entra nos Estados Unidos contrabandeada pelo México, Camboja e Tailândia, entre outros países.
Existe, nos Estados Unidos, por causa dos constantes esforços da Agência Americana de Combate às Drogas para combater o cultivo em áreas abertas, uma crescente tendência ao cultivo da maconha em interiores. Este tipo de cultivo é feito em cubículos, aquários e estufas elaboradas. Alguns cultivadores, inclusive, construíram estruturas que aparentam ser casas comuns, mas sem nada dentro, para assim esconder suas operações de plantio.

Imagem cedida pelo site Marijuana.com
Disposição das plantas de maconha sendo cultivadas sob lâmpadas das estufas
Dados coletados em 1998 mostram que mais de 71 milhões de americanos com idade acima dos 12 anos experimentaram a maconha, o que representa um valor acima dos 25% da população nacional. O uso freqüente é menor do que era em 1979, quando 13,2% da população americana acima dos 12 anos, usava a maconha com uma freqüência mensal. Em 1999, este índice diminuiu para 5,1%.
Com milhões de usuários, a maconha não está limitada a nenhum grupo demográfico. 

Arte de Compartilhar


 Arte de Compartilhar


A Arte de Compartilhar Na Grécia Antiga, em suas reuniões ao ar livre, os “Filósofos de Jardim”, dialogavam de modo coloquial e familiar, estabelecendo uma relação de amizade. Epícuro buscava e valorizava a capacidade de integrar e promover o bem estar entre as pessoas. Através do ato de filosofar estava a maneira de se libertar das ansiedades e frustrações do mundo e buscar a felicidade.

Eis aqui a filosofia sendo utilizada na prática, via diálogo, via interseção, num compartilhar. O Filósofo Clínico é o profissional disposto à arte do diálogo. Ao ouvirmos, franqueamos nossa mente por inteiro. O estar “plugado” é um envolver-se integralmente, frente à outra figura humana, o partilhante. Esse nos chega com suas experiências pessoais, visão de mundo, afetos, buscas, traumas e circunstâncias pessoais, porque alguma coisa em seu caminho ou existência não flui de maneira tranqüila. Essa relação precisa se dar de uma maneira qualitativa, atenta, por aí começamos a decifrar a Estrutura de Pensamento (EP) que se dá a conhecer.

O olhar dentro dos olhos, o escutar, a lágrima, o riso, a respiração, o tom da voz, os gestos, esse universo individual se expõe. Há aqui toda uma estrutura interna em movimento: são 10 bilhões de neurônios que recebem, integram e transmitem informações; a malha intelectiva traz vivências passadas tornadas contemporâneas à medida que são narradas.

Ao nos comunicarmos, uma corrente elétrica aciona 100 trilhões de conexões sinápticas entre esses neurônios. Uma sucessão de representações vêm à tona pelo pensamento. Com olhar atento, já podemos observar possíveis choques estruturais.

O objetivo da Filosofia Clínica é levar o partilhante a ter consciência de seu próprio funcionamento interno para que ele, dentro de seu universo pessoal, busque sua melhora existencial. Isso se dará via submodos (formas de ação), os que o partilhante já usa informalmente e os que se adequam à sua EP. Essa caminhada junto ao outro, na riqueza do compartilhar, gradual, da existência, somente se dá através da interseção.

Como em toda arte, há muito de sentimento e intuição. O conhecimento é só o primeiro passo desta vivência que floresce na sabedoria e no respeito mútuo.


Porto Alegre, março de 2001 
idalina krause

fonte:

terça-feira, 3 de maio de 2011

Marcia Regina Barbosa, nova titular da Diretoria de Direitos Intelectuais do MinC


Por Tatiana de Mello Dias
LOGIN: Marcia Regina Barbosa, nova titular da Diretoria de Direitos Intelectuais do MinC
O que foi discutido com o Secretário de Comércio dos Estados Unidos?
O tema não foi propriedade intelectual, mas passou por esse assunto. Foi uma visita de cortesia. Ele sabe que estamos passando por um processo de reformulação da lei e mencionou que se coloca à disposição.
Qual é a visão deles em relação às nossas políticas?
Não houve nenhum tipo de expressão. Nem a favor, nem contra. Foi bem diplomático.
Como está o projeto da reforma da lei de direitos autorais?
O processo de elaboração de um projeto de lei não é “ministério, vamos fazer um projeto?”. Além da consulta à sociedade, o texto tem de ser submetido a um grupo interministerial. Passada essa fase, ainda há a Casa Civil. Ela vai reavaliar o projeto para depois encaminhar ao Congresso. O texto da reforma passou por isso e está na Casa Civil. Não houve tempo para mandar para o Congresso.
Esse assunto é polarizado entre os que não querem mudança nenhuma e os que querem uma ampla reforma. 
Isso é uma tendência universal. Os órgãos internacionais recomendam sempre dizem que o avanço da tecnologia está impondo adequações à legislação vigente.
A senhora é a favor de mudar a lei em vigor hoje?
Acho que ela merece ser atualizada, claro. Temos condições de fazê-la acompanhar a evolução. Mas temos uma lei de 1998, com trato judicial consistente. É preciso mudá-la de dez em dez anos, agora?
A nova lei legalizaria cópias para uso privado, digitalização, remix, fair use. Qual é a sua opinião isso?
A nossa atual legislação é uma das que mais restringem a utilização da obra. Acho que alguns pontos, por exemplo a permissão de cópia privada, já existiram, mas foram restringidos pela lei atual a apenas ‘partes da obra’, um conceito vago. Agora, tem de ter pesos e contrapesos. Pode mudar, desde que a liberdade de uso não impeça a comercialização normal da obra.
O que a senhora pensa sobre o compartilhamento de arquivos?
É um problema de solução muito difícil. Até por parte de quem mexe com isso. Todos querem uma solução, mas tem de ser algo que não impeça o desenvolvimento e o acesso à cultura, mas que também não infrinja os direitos.
A senhora é a favor de que seja criado um órgão para fiscalizar a atuação do Ecad?
Hoje, com a nossa Constituição, essa fiscalização está inconstitucionalmente inviabilizada. O que devemos fazer é uma interlocução da sociedade com o Estado. Até porque o Estado tem compromissos. Hoje isso está muito solto. Acho que essa interlocução será possível, para que as associações nos apoiem assim como nós as apoiaremos quando for necessário.
A senhora foi indicada ao cargo por Hildelbrando Pontes, advogado do Ecad?
Nós trabalhamos juntos no CNDA. Fui assessora dele. Ele conhece o meu trabalho. Tenho certeza que deu apoio à minha indicação, mas não foi ele quem me indicou. Acho que foi uma via que eles encontraram porque eu estou afastada. Atuei dez anos no Judiciário, me considero uma pessoa isenta e com visão conciliadora para tentar ver se a gente consegue reverter esse debate em algo mais positivo para os autores e a indústria.
Como funcionará o diálogo daqui para frente?
Divulgando esse texto, novas contribuições surgirão. A intenção é promover encontros e tentar rever esse texto e possibilitar que ele seja encaminhado ao Congresso ainda neste ano.
Não há a possibilidade do projeto ser engavetado?
De jeito nenhum. Nunca houve essa intenção. São quatro anos de discussão, amplamente aberta, ouvindo opiniões de todos. Não podemos jogar fora esse trabalho como se nada tivesse acontecido. Ainda temos espaço para discutir mais um pouco.

Antropocentrismo, Biocentrismo e Direito dos Animais


Diariamente, milhares de animais (aqui entendidos os não-humanos) são explorados e submetidos às mais variadas formas de maus-tratos, no que apenas pode ser comparado, tanto em termos de números como de nível de crueldade, ao holocausto da segunda guerra mundial.
Os animais são utilizados para os mais variados propósitos: alimentação, vestuário, companhia, entretenimento e experimentações científicas.

Na base dessa utilização encontra-se a premissa de superioridade do homem sobre os demais seres vivos. É como se essa “posição especial” ocupada pelo homem lhe conferisse um direito, quase que natural, de dominar e explorar a natureza.

De acordo com a definição constante da Wikipédia (enciclopédia livre, cujo conteúdo é elaborado de forma cooperativa), antropocentrismo (do anthropos, "humano"; e kentron, "centro") é uma concepção que considera que a humanidade deve permanecer no centro do entendimento dos humanos, isto é, tudo no universo deve ser avaliado de acordo com a sua relação com o homem.

Essa concepção, fundada na (errônea) percepção de superioridade da humanidade, traz em si o traço da segregação, servindo de substrato à ação dominadora do homem sobre os outros seres vivos. O sistema utilitarista, que reduz a natureza a um elemento a ser usado (e abusado), se aproveita da diversidade entre as espécies para justificar, nas suas diferenças, a exploração humana sobre os outros seres.

Conforme apontado por Jonas , uma das características da ética antropocêntrica é a não-atribuição de relevância ética a tudo que atuasse em objetos não-humanos. Assim, direitos ou dignidade dos animais não poderiam sequer ser cogitados.

Nesse contexto, os animais são vistos como bens a serem explorados e como tais são considerados. Possuem relevância na medida em que representam alguma utilidade (visão utilitarista) para os homens. Não lhes é reconhecido qualquer valor intrínseco, mas puramente o valor de uso, em especial do uso econômico.

Levai nos chama a atenção para o fato de que, sob o prisma antropocêntrico, a natureza e os animais deixam de ter um valor em si, transformando-se em meros recursos ambientais. E completa:

“Tal sistema, ao desconsiderar a singularidade de cada criatura e o caráter sagrado da vida, justifica a tutela da fauna conforme a serventia que os animais possam ter.Tratados, via de regra, como mercadoria, matéria-prima ou produto de consumo, os animais – do ponto de vista jurídico – têm negada sua natural condição de seres sensíveis.”

Diante do paradigma antropocêntrico, até mesmo a proteção jurídica que é assegurada a natureza é feita com vistas ao bem-estar e sobrevivência da espécie humana. Veja-se, por exemplo, o artigo 225 da Constituição Federal, que estabelece o meio ambiente ecologicamente equilibrado como bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida (do homem?), cabendo ao Poder Público e à coletividade preservá-lo para as presentes e futuras gerações (humanas).

Como alternativa a essa concepção antropocêntrica, encontra-se o biocentrismo (do grego bios, "vida"; e kentron, "centro"), uma concepção segundo a qual todas as formas de vida são igualmente importantes, não sendo a humanidade o centro da existência. O biocentrismo preocupa-se com a vida, em todas as formas que possa apresentar – vegetal e animal, humana e não-humana, mostrando-se conciliador, integrador e holístico por definição.

Nessa ótica, começa a surgir a noção de que a atribuição de proteção jurídica a espécies não-humanas não se deva à sua utilidade para os homens, mas sim ao reconhecimento de seu valor próprio. E, a partir dessa compreensão, pode-se inclusive defender-se a idéia não apenas de uma proteção jurídica aos animais (que apesar de válida, traz agregada a si uma conotação ainda passiva, que encerra nos animais a marca de entes protegidos), mas sim de direitos dos animais (que denota maior empoderamento dos demais seres vivos, agora como verdadeiros titulares de direitos, oponíveis aos homens).

A visão biocêntrica ainda encontra opositores no nosso sistema legal e jurídico, que possui uma marca antropocêntrica inegável. Entretanto, conforme ensina Edna Cardoso Dias , o animal como sujeito de direitos já é concebido por grande parte de doutrinadores jurídicos de todo o mundo. Ela segue afirmando:

“Se cotejarmos os direitos de uma pessoa humana com os direitos do animal como indivíduo ou espécie, constatamos que ambos tem direito à defesa de seus direitos essenciais, tais como o direito à vida, ao livre desenvolvimento de sua espécie, da integridade de seu organismo e de seu corpo, bem como o direito ao não sofrimento. Sob o ponto de vista ético e científico fácil justificar a personalidade do animal. ”

Peter Singer, citado por Soffiati , diz que o princípio da vida é uno. Afirma: Um chimpanzé normal é pleno enquanto chimpanzé, o que o faz equivaler-se a um ser humano normal, pleno de humanidade. Se consideramos sujeitos de Direito uma criança, que ainda é um ser humano em potencial, ou um deficiente mental como um humano com limites, por que não considerar os animais também como sujeitos de Direito?

Assim, na linha do quanto defendido acima, a questão do reconhecimento dos animais como sujeitos de direitos não dependeria mais da existência de leis de proteção animal, pois essas já existem. Dependeria, sim, da mudança do paradigma ético, da passagem do antropocentrismo para o biocentrismo, da valoração dos animais não mais pelo seu valor econômico ou pelo uso antrópico que deles possa ser feito, mas sim pela sua existência enquanto indivíduos. E para isso contamos com a educação ambiental, para difundir informações e disseminar a necessidade de respeitar-se a vida, onde quer que ela se manifeste.

Autora: Ariadne Mansu de Castro


Referências Bibliográficas:

JONAS, Hans. El principio de responsabilidad: Ensayo de una ética para la civilización tecnológica.Barcelona: Herder, 1995, encontrado em http://www.cenedcursos.com.br/atutor/content.php?cid=274

Levai, Laerte Fernando. Crueldade consentida – Crítica à razão antropocêntrica. Revista Brasileira de Direito Animal, vol. I, n. I. Salvador:Instituto de Abolicionismo Animal, 2006.

DIAS, Edna Cardoso. Os animais como sujeitos de direitos. Revista Brasileira de Direito Animal, vol. I, n. I. Salvador:Instituto de Abolicionismo Animal, 2006.

A natureza é sujeito de Direito? Por Arthur Soffiati *Professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) encontrado em http://www.sosanimalmg.com.br/sub.asp?pag=artigos&id=39
Recomende aos seus contatos...

Só para mulheres ?


O sujeito de direito sob proteção da Lei Maria da Penha é a mulher, diz autora, discordando da abrangência para homossexuais homens

A Lei Maria da Penha é clara: protege mulheres em situação de violência familiar e doméstica. Não há ambiguidade em seus conceitos – os agressores são homens e as ofendidas são mulheres. Há uma única exceção ao sexo dos agressores, um parágrafo revolucionário para a moral heterossexista brasileira em que se lê: “As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual”. Ou seja, as ofendidas são sempre mulheres, embora possa haver agressoras, em casos de relações homossexuais entre duas mulheres. A abertura da lei é ainda mais direta ao enunciar seus objetivos, criar “mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher”. A lei descreve e especifica esses novos dispositivos de proteção à mulher – uma rede robusta entre polícia, saúde, Justiça e assistência que permitirá às mulheres enfrentar diferentes regimes de violência familiar e doméstica.
Há quem considere que a Lei Maria da Penha ofenda a isonomia constitucional entre homens e mulheres. O princípio constitucional de não discriminação entre os sexos seria o fundamento de uma leitura ampliada da lei, garantindo aos homens os mesmos dispositivos de proteção oferecidos às mulheres. A conclusão, segundo alguns juízes, é que somente uma lei neutra em gênero seria correta para nosso ordenamento jurídico. Por isso, homens ofendidos em relações heterossexuais ou homossexuais deveriam também ser incluídos na proteção da lei. Em vez de falar em ofendidas e agressores, a Lei Maria da Penha teria que ignorar sua gênese histórica e política como ação afirmativa de proteção às mulheres e sair à procura de uma linguagem universal em gênero para proteger milhares de mulheres e uns poucos homens que sofrem violência doméstica e familiar. Tais juízes esquecem que nosso ordenamento jurídico é patriarcal em sua gênese, neutro em sua linguagem e universal em sua potência. A Lei Maria da Penha é uma exceção.
Essa interpretação universalista e sem sexo é injusta para as mulheres. Ela modifica o espírito da lei – de um documento para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, passa a ser uma peça para coibi-la contra qualquer pessoa. A neutralidade sexual da vítima negligencia o fenômeno sociológico persistente de violência contra a mulher e enfraquece o espírito da lei de promoção da igualdade sexual. A lei não confunde violência contra a mulher com violência de gênero: o sujeito de direito a ser protegido é claro e resiste a hermenêuticas mais criativas que comparariam os fora da lei heterossexista, isto é, homens homossexuais, às mulheres. A personagem vulnerável, sem qualquer ruído pós-moderno sobre como defini-la, é a mulher. Os homens não foram esquecidos por nosso ordenamento jurídico e democrático. Juízes solidários aos homens ofendidos podem instituir medidas protetivas às vítimas, sem para isso precisar reclamar o princípio da isonomia entre homens e mulheres em um fenômeno marcadamente desigual na sociedade brasileira.
A Lei Maria da Penha foi idealizada para proteger as mulheres que sofrem violência na casa, na família e nas relações interpessoais. Seus agressores são maridos, namorados, pais, padrastos, uma rede de homens que as silencia para a denúncia e a fuga da relação violenta. A lei está inscrita em uma ordem patriarcal de opressão às mulheres, em que os corpos femininos são docilizados pela potência física e sexual dos homens. Para abarcar esse caráter estrutural da opressão sexual em que elas vivem, a lei tipifica cinco expressões da violência – física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, um conjunto de domínios da vida em que as mulheres se veem controladas por homens que as oprimem. Como em todos os fenômenos sociológicos, é possível que alguns homens vivam sob regime de violência, mas a lei não se refere a eles, e sim a homens agressores e mulheres ofendidas. Desconheço histórias de homens vítimas de violência que requereram medidas protetivas de casa-abrigo, transferência do trabalho, inclusão na assistência social, guarda dos filhos, profilaxia de emergência contra DSTs ou aborto legal. Essas são particularidades do corpo e da existência das mulheres previstas na lei.
O principal risco da leitura universalista e sem sexo da Lei Maria da Penha é o enfraquecimento político do fenômeno sociológico que motivou sua criação. O enquadramento da lei são os domínios da vida típicos das mulheres em um regime heterossexual de família – o cuidado com os filhos, a dependência econômica dos homens, o domicílio compartilhado com o agressor. Em nome da igualdade sexual entre homens e mulheres, não tenho dúvida de que juízes sensibilizados por homens vítimas de violência serão capazes de encontrar fundamentação jurídica em outros documentos para protegê-los da violência familiar e doméstica. Esse é um pedido de respeito e de cuidado à história de milhares de mulheres como Maria da Penha Maia Fernandes, que esperou quase 20 anos para que seu agressor fosse preso por deixá-la paraplégica. A Lei Maria da Penha rompeu com o silêncio estrutural de que a violência doméstica e familiar não era problema de Justiça – neutralizar o sexo das ofendidas é falsamente universalizar uma prática que se inscreve majoritariamente nos corpos das mulheres, ameaçando sua dignidade e sua vida.
DEBORA DINIZ É PROFESSORA DA UNB E PESQUISADORA DA ANIS: INSTITUTO DE BIOÉTICA, DIREITOS HUMANOS E GÊNERO


Debora Diniz – O Estado de S.Paulo


A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E OS DIREITOS HUMANOS

A Declaração sobre a eliminação da violência contra a mulher adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1993 define a violência de gênero como: “Qualquer ato de violência baseado na diferença de gênero, que resulte em sofrimentos e danos físicos, sexuais e psicológicos da mulher; inclusive ameças de tais atos, coerção e privação da liberdade seja na vida pública ou privada".

Nesse sentido, Violência contra a mulher é um sério problema de saúde pública, assim como uma violação dos direitos humanos. A violência de Gênero é a violência exercida pelo homem contra a mulher, por considerá-la inferior. Ao contrário do que muitos imaginam a violência contra a mulher não se resume apenas na violência física, mas também a violência sexual, psicológica e emocional, patrimonial e econômica Constitui, acima de tudo, uma violação da dignidade , dos direitos e da saúde física e mental das mulheres e que não se revela apenas em determinados ambientes culturais ou econômicos, mas em todos os ambientes sociais.

Existem vários tipos de armas utilizadas na violência contra a mulher, como: a lesão corporal, que é a agressão física, como socos, pontapés, bofetões, entre outros; o estupro ou violência carnal, sendo todo atentado contra o pudor de pessoa de outro sexo, por meio de força física, ou grave ameaça, com a intenção de satisfazer nela desejos lascivos, ou atos de luxúria; ameaça de morte ou qualquer outro mal, feitas por gestos, palavras ou por escrito; abandono material, quando o homem, não reconhece a paternidade, obrigando assim a mulher, entrar com uma ação de investigação de paternidade, para poder receber pensão alimentícia.

Mas nem todos deixam marcas físicas, como as ofensas verbais e morais, que causam dores, que superam a dor física. Humilhações, torturas, abandono, etc, são considerados pequenos assassinatos diários, difíceis de superar e praticamente impossíveis de prevenir, fazendo com que as mulheres percam a referencia de cidadania.

A violência contra a mulher, não esta restrita a certo meio, não escolhendo raça, idade ou condição social. A grande diferença é que entre as pessoas de maior poder financeiro, as mulheres, acabam se calando contra a violência recebida por elas, talvez por medo, vergonha ou até mesmo por dependência financeira

Toda a mulher violentada física ou moralmente, deve ter a coragem para denunciar o agressor, pois agindo assim ela esta se protegendo contra futuras agressões, e serve como exemplo para outras mulheres, pois enquanto houver a ocultação do crime sofrido, não vamos encontrar soluções para o problema

Alberto Araújo
ARAUJO ADVOGADOS ASSOCIADOS

A sociedade que cala diante da violência consente ...

o poder das palavras Mal ditas


"um caso para  reflexão, todos nos somos passíveis de dizer  palavras e expressar sentimentos inadequados  do tipo ato falho,que podem refletir crenças intimas, uma falta de reflexão ou enganos erros incoerências...
Claro que somos portadores de conceitos e crenças  que formam uma imagem de nossa formação,  experiência de vida,visão de mundo essa diversidade é saudável...aprender a conviver com ela são outros quinhentos...

Heberle


Mala fala do Deputado federal  ele diz no Twitter que "africanos descendem de ancestral amaldiçoado"


O deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) afirmou nessa quarta-feira (30), em sua página no Twitter, que os africanos são descendentes de um "ancestral amaldiçoado por Noé" e que sobre a África repousa maldições como o paganismo, misérias, doenças e a fome.

"Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é polêmica. Não sejam irresponsáveis twitters rsss", diz a mensagem postada no perfil do deputado --após a reportagem contatar assessoria de Feliciano, a mensagem foi apagada (veja a reprodução na imagem acima).

Na sequência, Feliciano, que é pastor evangélico e empresário, afirma: "sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, Aids. Fome..."

Antes, o pastor evangélico disse que a maldição sobre a África supostamente provém do "1º ato de homossexualismo da história". "Sendo possivelmente o 1o. Ato de homossexualismo da história. A maldição de Noé sobre canaã toca seus descendentes diretos, os africanos", afirmou também.

Em entrevista por telefone, Feliciano disse que as mensagens foram publicadas por assessores, sem a sua aprovação. O parlamentar afirmou também que não considera as mensagens racistas. "Não foi racista. É uma questão teológica", disse. "O caso do continente africano é sui generis: quase todas as seitas satânicas, de vodu, são oriundas de lá. Essas doenças, como a Aids, são todas provenientes da África", acrescentou.

Hoje, quase 20h depois das declarações, o deputado negou ser racista também no Twitter. "Tenho raízes negras como todos os brasileiros. Bem como dos índios e também europeus! Rejeito essas calunias infames! Aqui não seus desalmados", disse Feliciano.

Marco Feliciano foi eleito deputado federal nas eleições do ano passado, com mais de 211 mil votos, e diz ter 30 mil seguidores no Twitter. "Sou afrodescendente, meu nariz é largo, meu cabelo é crespo. Tenho apoio do líder do movimento dos negros, pastor Albert Silva, de São Paulo", defendeu-se.

No perfil do deputado no Twitter, há também várias mensagens direcionadas a homossexuais.  O deputado afirma que vários internautas da comunidade gay o perseguem e convoca os "cristãos" a despejarem mensagens nas páginas de seus críticos. Em seguida, o parlamentar listou uma série de usuários do Twitter que supostamente o atacam.


Guilherme Balza 
Do UOL Notícias 
Em São Paulo

Mensagem que foi postada no Twitter do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) e depois apagada

Irritabilidade e até doenças graves têm como causa o sentimento da raiva


Que raiva é essa que estou sentindo?

Irritabilidade e até doenças graves têm como causa esse sentimento

Atire a primeira pedra quem nunca sentiu ou não alimenta vez por outra uma dose de raiva. Muitas vezes o foco não é uma pessoa, pode ser uma situação de vida que não conseguimos mudar, o trabalho e até nós mesmos por termos falhado ou caído nas mesmas ciladas existenciais.
Mas, segundo a professora de hatha ioga Emilce Shrividya, os evoluídos sentem raiva só por um minuto. "As escrituras da ioga dizem que uma pessoa evoluída conserva sua raiva por um minuto, uma pessoa comum conserva-a por meia hora e uma pessoa ainda não evoluída conserva sua raiva por um dia e uma noite. Mas uma pessoa cheia de mágoas lembra-se da sua raiva até morrer".
Em outras palavras, é da natureza humana sentir raiva, mas devemos esquecê-la rapidamente. "Não devemos alimentá-la e nem remoer acontecimentos passados. Somos as primeiras vítimas de nossa própria raiva. Ela nos queima por dentro, tirando nossa paz, obscurece nossos pensamentos e distorce nossas percepções. A raiva acumulada nos prejudica e nos afasta de Deus, de nossa verdadeira essência divina, de nossa bondade e compaixão", diz a professora.
Espelhos. É importante perceber que a raiva, na verdade, está dentro de nós e é acionada quando encontramos alguns espelhos pela vida. "As pessoas tendem a pensar que alguém ou algo lhes provoca raiva, mas elas não deveriam culpar ninguém a não ser a si mesmas", diz Emilce.
Esse sentimento, diz ela, assume muitas formas e facetas como aflição, ressentimento, contrariedade, mau humor, aspereza, animosidade, explosões de ira, rancor, crises de choro e soluço. "Muitas vezes, as lágrimas não são sinais de fraqueza, mas a força da raiva", pontua Emilce.
Além disso, a raiva envenena o nosso corpo. "Ataques de raiva e mau humor produzem danos sérios nas células do cérebro, envenenam o sangue, causam insônia, depressão e pânico; suprimem a secreção dos sucos gástricos e da bílis nos canais digestivos, criando gastrites e úlceras, esgotam a energia e vitalidade, causam problemas cardíacos, provocam velhice prematura e encurtam a vida", enumera a professora.
Liberdade. Faça um teste e, da próxima vez que sentir raiva, perceba as reações em seu corpo. "Quando você se zanga, sua mente fica perturbada e isso se reflete em seu corpo, que sente distúrbios. Todo o sistema nervoso se agita e você se enerva, perdendo a harmonia, a eficiência de agir, o vigor e o entusiasmo. A raiva é uma energia poderosa que precisa ser dissolvida para que você possa ser mais livre e saudável", pontua Emilce.
Existem pessoas que confundem raiva com poder. Sentem satisfação, poder e liberdade quando têm explosões de raiva. "Acham que até aliviam as tensões, mas depois se culpam e lutam para controlar isso. Ajudaria muito se elas entendessem que, mesmo que possam sentir alívio no momento, isso não funciona. A raiva apenas escraviza e é prejudicial fisicamente, psicologicamente e espiritualmente", aconselha Emilce.
O famoso truque de contar até dez, ou, em alguns casos, até cem, pode evitar um desgaste emocional. "Saia da situação, se afaste do ambiente ou da pessoa, tome um copo de água, respire profundamente. Quando falamos de uma maneira tranquila e sem raiva, o outro pode até nos entender e ouvir melhor, mas, quando falamos com raiva, só criamos mais conflitos e desarmonia", diz a professora.
Os raivosos de plantão não imaginam que são também orgulhosos. "Quando estamos com muita raiva, queremos que a outra pessoa admita que está errada e isso é orgulho. É preciso se libertar da tirania da raiva", propõe Emilce. 

FÍGADO
Emoções intoxicam órgão vital
Certamente você já ouviu que rir é bom para desopilar o fígado. É a mais pura verdade, diz Conceição Trucon, química, cientista e escritora.
"Esse órgão é a principal víscera produtora da energia da agressividade, matéria-prima das nossas conquistas. É importante não confundir agressividade (ir à luta) com violência, que só acontece quando estamos intoxicados, desequilibrados e não identificados com a afetividade e com a capacidade de enxergar a vida por uma ótica de desenvolvimento e crescimento", pondera Conceição.
Segundo ela, "o ato de eliminar o que não serve mais nas relações ou situações da vida corresponde ao processo de desintoxicação que o fígado realiza fisicamente no sangue e metafisicamente no coração", diz.
A saída pode não ser tão complicada quanto parece. "Encarar serenamente um desafio, sem falsas expectativas, torna a vida mais digerível, agradável, gostosa. Esse comportamento facilita a digestão dos alimentos, inclusive daqueles mais pesados como as gorduras e vitaminas oleosas. Pensamentos e atitudes destrutivos (indigestos, desagradáveis) tornam os desafios ainda maiores, dificultando todas as funções do fígado", alerta a química.
Metafisicamente, explica Conceição, "os distúrbios do fígado são provenientes do hábito de se queixar com amargura e rabugice apenas para se iludir e resistir às mudanças. O excesso de colesterol e triglicérides acontece devido a pensamentos e atitudes escorregadios, embaçados. Os pensamentos agoniados, plenos de raiva e ódio são formas garantidas de adoecer gravemente o fígado. O mau humor, que é um distúrbio da afetividade, tem sua morada em um fígado intoxicado e doente".
É melhor prevenir do que remediar, e ficar atento à qualidade dos seus sentimentos. "O fígado tem uma grande capacidade de regeneração, qualidade intensificada nas pessoas mais flexíveis às mudanças e com facilidade de se refazerem a partir de situações difíceis, nas pessoas que buscam compreender, perdoar, que têm bom humor, brincam, dão risadas e têm tempo para o lazer e atividades prazerosas", finaliza. (AED)

Dicas úteis

Cultive a tolerância e a paciência
Gere contentamento interior, gratidão e entusiasmo

Cultive a bondade, a benevolência e a compaixão. Isso vai produzir serenidade mental, que impede a raiva de se manifestar
Meditar ajuda a dissolver a raiva e transformá-la em paciência e aceitação 

O perdão permite abandonar os sentimentos negativos associados aos acontecimentos passados, livrando das sensações de raiva e ressentimento



Saída. Raivosos devem se desapegar do passado e aceitar gentilmente o fluxo da vida