domingo, 20 de dezembro de 2015

Pesquisa mostra que estresse e tristeza não matam ninguém

Cerca de 1 milhão de mulheres foram analisadas por dez anos; fumo passivo é pior que baixo astral


A-G7AUJ
Verdade inconveniente. Novo levantamento contradiz a ideia de que ser infeliz faz mal à 



Londres, Reino Unido. Tristeza ou estresse não aumentam o risco de morte, de acordo com um estudo coordenado pela Universidade de Oxford em colaboração com a organização não-governamental (ONG) inglesa Cancer Research.
Analisando os hábitos de mais de um milhão de mulheres britânicas de mais de 50 anos, durante uma década, os pesquisadores contradizem o argumento de trabalhos anteriores de que ser infeliz faz mal à saúde.
O estudo de Oxford, publicado na revista médica “The Lancet”, alega que iniciativas prévias confundiram causa e efeito. Estudos anteriores sugeriam que o grau de felicidade das pessoas poderia ajudar a prever a duração de suas vidas – e que alterações em hormônios de estresse ou no sistema imunológico aumentam risco de morte.

Mas o time pesquisadores britânicos e australianos argumenta que houve falha em analisar a chamada “causalidade reversa” – basicamente, pessoas doentes não teriam como ficarem felizes.
Participantes do “Estudo do Milhão de Mulheres” tiveram que avaliar regularmente sua saúde, felicidade e níveis de estresse. Os resultados mostraram que as diferenças de estados de espírito não tiveram impacto algum nas chances de morte durante o estudo, depois de fatores como saúde e tabagismo serem levados em conta.
Doenças deixam as pessoas infelizes, mas a infelicidade por si só não deixa ninguém doente. “Não encontramos efeitos diretos da infelicidade ou do estresse na mortalidade, mesmo em um estudo de 10 anos com um milhão de mulheres”, explica Bette Liu, uma das pesquisadoras envolvidas no projeto.
Richard Peto, coautor do estudo, disse que fumantes “sociais” tinham o dobro de chances de morrer durante o estudo, prognóstico que cresceu para três vezes no caso do tabagismo regular. Mas que a felicidade era “irrelevante”. Peto, porém, alerta para o que chama de “mito” e que pode estar muito enraizado na percepção pública. “As pessoas ainda vão acreditar que estresse provoca ataques cardíacos. Não é verdade, mas é conveniente”, afirma.
Outros males
Estresse. O mal do nosso tempo está relacionado a uma lista de problemas de saúde como alergias, pânico, infecções por baixa imunidade, depressão, asma, bronquite, e alguns tipos de câncer.
Depressão causa 850 mil suicídios no mundo

São Paulo
. O estudo inglês que avaliou 1 milhão de mulheres e descartou a relação da infelicidade com a morte trata de tristeza e estresse, e não da depressão. Essa condição se converterá, em 2020, na segunda causa de incapacidade no mundo, atrás apenas das doenças isquêmicas (infartos, insuficiência coronária e acidente cerebrovascular). “Vale dizer que a doença depressiva atinge 340 milhões de pessoas e causa 850 mil suicídios por ano em todo o mundo, sendo que 86% delas estão em países de baixa e média renda”, diz o médico Aluízer Benetti ao portal G1. Somente no Brasil, estima-se que há 13 milhões de depressivos. “Sentimentos de inferioridade e/ou de culpa contínua levam, sim, à ideação suicida”, diz ele.
Palavra traduz arte do prazer com pouco

Copenhague, Dinamarca
. O chamado “hygge” é um conceito 100% dinamarquês: dizem que ele torna os lares mais quentes e as pessoas mais felizes. Mas o que exatamente é hygge?

Se perguntarmos a um dinamarquês o que é o hygge (pronuncia-se “hu-ga”), ele poderia responder que é “sentar-se em frente a uma lareira em uma noite fria, com um confortável pulôver de lã, um vinho quente e fazer carinho em seu cachorro”. Ou, ainda, comer biscoitos de canela feitos em casa, assistir TV debaixo de um edredom, tomar chá na reunião de família do Natal.

Hygge muitas vezes é traduzido como “acolhedor” ou “aconchego”. Mas os entendidos dizem que é muito mais do que isso: é uma atitude perante a vida, que ajudou a Dinamarca a superar a Suíça e a Islândia no ranking global de felicidade. Susanne Nilsson, professora de dinamarquês, completa: “Hygge nada mais é que tirar o máximo de prazer de poucas coisas”.

Nenhum comentário: