domingo, 20 de dezembro de 2015

Cérebro de preguiçosos gasta mais energia para decidir ações

cortex singulado

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Parte envolvida em tomar decisões e em antecipar recompensas contém as diferenças



Londres, Reino Unido. Há um motivo neurológico para a apatia e a preguiça, de acordo com um estudo inglês. Conexões ineficientes entre certas áreas do cérebro podem tornar difícil para algumas pessoas decidir como agir.
Para compreender a base neurológica da apatia, neurologistas da Universidade de Oxford observaram a diferença entre os cérebros de jovens que pareciam estar motivados (com base em um questionário) e os que aparentavam estar mais apáticos. Os participantes participaram de um jogo de decisões enquanto pesquisadores assistiam ao que acontecia em seus cérebros.
Em cada rodada do jogo, o pesquisador oferecia ao participante uma recompensa em troca de algum esforço. Os participantes precisavam então decidir se aceitavam ou não a oferta com base no fato de a recompensa valer a pena ou não.
Como era previsto, os participantes que já haviam sido identificados como apáticos eram menos propensos a aceitar as ofertas que exigiam esforço, mesmo que a recompensa fosse grande. Mas quando essas cobaias apáticas decidiam aceitar uma oferta, a ressonância magnética mostrava muito mais atividade no córtex pré-motor, uma área do cérebro envolvida na tomada de decisões, do que nos participantes motivados.
Descobertas. Isso foi o oposto do que os pesquisadores esperavam observar. Eles acreditavam que os córtices pré-motores das pessoas preguiçosas mostrariam menos atividade quando estivessem tomando uma decisão para agir. “Acreditamos que isso seja devido à estrutura cerebral menos eficiente deles, então, uma pessoa apática tem mais esforço em transformar uma decisão em ação,” disse o pesquisador Masud Husain, professor de neurologia e neurociência cognitiva na Universidade de Oxford.
E eis a descoberta mais importante: após novas investigações, eles perceberam que as pessoas identificadas como apáticas tinham conexões menos eficientes entre o córtex cingulado anterior – uma parte do cérebro envolvida em tomar decisões e em antecipar recompensas – e a área motora suplementar, uma parte do cérebro que ajuda a controlar os movimentos.
“O cérebro usa mais de um quinto da energia que você queima diariamente. Se você precisa de mais energia para planejar uma ação, então é mais custoso para as pessoas apáticas realizar ações”, explicou Husain. “O cérebro delas precisa se esforçar mais”. Husain e sua equipe publicaram o estudo na revista “Cerebral Cortex”.
Estudo ajuda a entender o Alzheimer

Apesar de as conexões neurais ineficientes não conseguirem explicar a preguiça em todo mundo, o estudo pode ajudar a compreender um tipo de apatia extrema e patológica que de vez em quando atinge pessoas com Alzheimer.

A doença de Alzheimer é uma patologia neuropsiquiátrica degenerativa e progressiva que tem sua base na genética. Recentemente, foram criados critérios para o diagnóstico da apatia em idosos amplamente aceitos pela comunidade clínica e científica e que são facilmente aplicados na prática.

“Vale dizer que a apatia é definida como um distúrbio de motivação que persiste ao longo do tempo”, diz o neuropsiquiatra Augusto Borges de Mello, do Hospital Albert Einstein. Segundo ele, no caso dos portadores de Alzheimer, a apatia diferencia-se dos sintomas de depressão: “Caracteriza-se pela perda ou redução da motivação em comparação com o estado anterior ou cultura do paciente”, completa.

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