sábado, 10 de setembro de 2016

O ritmo está no coração

"Nossos pés e nossos corações são rítmicos. Nossas mãos são melódicas, assim como o nosso pescoço e sorriso. Mas, a harmonia, temos que buscá-la no fundo dos olhos, no encontro dos olhares, donde se estabelece o circuito inicial, o circuito da vida”.<3 span="">

Tudo torna-se música As emoções têm formas musicais, espaços sonoros, partículas de amor. Nossas vivências expressam-se em batimentos: universo do coração. Nossa vida descreve cursos leves com a tonalidade mais íntima. Somos a música incorporada em nosso abandono, em nossos impulsos e automatismos, em tudo que chora e sorri debaixo do nosso rosto, em tudo o que se ergue e excita debaixo de nossa pele. Se estamos conectados à nossa própria palpitação, tudo torna-se música. Se podemos fluir à palpitação do outro, respondendo à sua maravilhosa luxúria, tudo torna-se música. Se caminhamos em harmonia com as estrelas, se somos parte do arco-íris e recebemos a chuva na língua, se podemos nadar no vento, tudo torna-se música. O som de um rio, o grito de uma criança, um cavalo navegando no caminho, um dia de Agosto: tudo torna-se música. E quando os teus amigos cantam o teu nome com vozes suaves, com chamados, com insinuações genitais e encantadora sedução, tudo torna-se música. Escutando dentro de nós mesmos, vivemos todas as formas musicais, os coros arcaicos do homem primitivo, os tambores de alerta, os coros de celebração, o sussurro de vozes ocultas, o madrigal da ternura, o contraponto de nossa obstinação, os réquiens da noite e os alegros da alvorada. Mas também escutamos toda a estridência, os gritos de pânico, os insultos, os chamados de socorro, as súplicas, o zumbido da morte, o alarido de nossos irmãos em um adágio que se desprega com voz silenciosa. Escutando o ritmo de nosso coração, somos o mais doce e o mais terrível instrumento de ressonância musical, abertos a todos os ventos da loucura e do terror e a todos os chamados de amor. Trata-se somente de ser instrumento, um ressonador cósmico, um médium do drama musical. Somos simultaneamente atores e intérpretes. Somos os mais antigos dançarinos, imitadores do mar. Somos os médiuns da serpente e do tigre. Nós, dervixes girando em torno de Deus. 
Ritmo é o nosso coração, nosso caminhar, nossa respiração. Estamos palpitando no pulmão do Universo. Dançamos no corpo divino, avançamos pelos passos de Deus. Nossos pés e nossos corações são rítmicos. Nossas mãos são melódicas, assim como o nosso pescoço e sorriso. Mas, a harmonia, temos que buscá-la no fundo dos olhos, no encontro dos olhares, donde se estabelece o circuito inicial, o circuito da vida. Somos um puro instrumento de vinculação: o ritmo nos une ao Universo, a nossa genitalidade, a tudo o que é origem; a melodia elabora nossa comunidade amorosa e a harmonia nos brinda a intimidade e a transcendência.

 
Se em Biodanza podemos exercitar essas equivalências, estamos trabalhando no sentido mesmo do que um ser humano é, para si e para o outro, uma possibilidade de plenitude e gozo." (Rolando Toro Arañeda)
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