segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Cientistas identificam ‘genes da inteligência’ pela primeira vez

Redes cerebrais podem definir o quão brilhante – ou burra – uma pessoa é


RIO DE JANEIRO. Um estudo realizado por cientistas britânicos explica por que algumas pessoas são mais inteligentes que outras. Pela primeira vez, pesquisadores identificaram duas redes de genes responsáveis pela nossa capacidade de resolver problemas, traçar estratégias ou fazer cálculos de cabeça.

Descoberta. Pesquisa mostra que, quando genes estão nas posições corretas e não são mutantes, o cérebro funciona bem
Já há algum tempo, a comunidade científica sabe que a inteligência humana é mais definida pela herança genética do que por fatores ambientais, como a qualidade da escola ou os amigos com os quais nos relacionamos. No entanto, até agora, não era possível identificar quaisquer genes determinantes para essa capacidade cognitiva. O feito foi alcançado por um grupo internacional de estudiosos da Imperial College, em Londres, na Inglaterra, e publicado nesta terça na revista “Nature Neuroscience".
Segundo eles, as duas redes de genes, batizadas de M1 e M3, influenciam a função cognitiva, responsável por memória, atenção e velocidade de processamento, entre outras habilidades. Os cientistas comparam essas duas redes a um time de futebol. Quando os jogadores – ou os genes – estão nas posições corretas, o cérebro funciona de maneira excelente.

Na prática, o que se vê, nesse caso, é uma pessoa com alta velocidade de raciocínio e boa concentração, por exemplo. Porém, a ocorrência de genes mutantes ou de ordem errada leva a dificuldades de memória e de aprendizado, ou até mesmo a sérios problemas de cognição.
MANIPULAÇÃO. Além disso, os pesquisadores enxergaram, em seu estudo, a possibilidade de essas duas redes serem controladas por um mesmo sistema, como um programa regulador mestre. Dessa forma, acreditam eles, seria possível manipular esse sistema central para ajudar as pessoas a atingir um nível maior de inteligência. Isto, segundo os estudiosos, é particularmente interessante para aqueles que têm transtornos como dislexia, autismo ou epilepsia.
“Sabemos que a genética desempenha um papel importante na inteligência, mas até agora não sabíamos quais genes eram relevantes. Essa pesquisa joga luz sobre alguns dos genes envolvidos na inteligência humana e mostra como eles interagem uns com os outros”, destaca o cientista Michael Johnson, principal autor do estudo e professor do Departamento de Medicina da Imperial College.
“O mais interessante é que os genes que encontramos são passíveis de serem controlados por um sistema regulador comum, o que significa que, potencialmente, podemos manipular todo um conjunto de genes ligados à inteligência humana”.
Mais testes. Apesar dos resultados animadores, o pesquisador ressalta que a pesquisa ainda está no início. Johnson faz questão de ser cauteloso quanto à possível manipulação dessas redes genéticas.
“Nossa pesquisa sugere que existe a possibilidade de uma equipe trabalhar com esses genes para modificar a inteligência, mas é uma possibilidade teórica nesse momento. Acabamos de dar o primeiro passo nessa estrada”, pondera o professor, acrescentando que uma das redes descobertas tem mais de cem genes, e a outra, mais de mil.
Flash
Outro ladoMuitos especialistas em genética alertam que possuir redes de genes que possibilitam mais inteligência não é garantia de sucesso. Não se pode atribuir completamente ao DNA o tipo de vida que uma pessoa leva.

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