terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A consciência está em evolução

Experiências individuais são oportunidades para aprimoramento


Sri Aurobindo (1872-1950) foi poeta, pensador, iogue e mestre espiritual indiano. Dotado de poderosa e abrangente visão de síntese, integrou os modos de consciência do Ocidente e do Oriente. Ele formulou os princípios da ioga integral, anunciou e preparou, em escala individual e coletiva, a manifestação iminente de uma dimensão de consciência até então não manifestada, a supramente ou consciência-verdade, apta a transformar o mundo material e possibilitar a plena emanação do espírito.
Quem fala sobre a importância do seu legado é Ricardo de Oliveira Bernardo, artista plástico mineiro com passagem pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Entre 1979 e 1988, estudou e trabalhou com Rolf Gelewski, experiência que considera capital para sua formação como artista e como ser humano.
Atualmente, ele é diretor da Casa Sri Aurobindo que, anualmente, promove a oficina “A vida toda é ioga”, legado em que o líder espiritual sintetizou sua visão do sentido evolucionário da manifestação universal e do lugar e do papel que nela cumpre o ser humano. 

Neste ano, a oficina acontece entre os dias 22 e 26 de janeiro, no Recanto Santo Agostinho, em Mário Campos, na Grande BH.
Conexão. Ricardo ressalta que, inicialmente, vale lembrar que a palavra “ioga” deriva de uma raiz sânscrita, “yug”, que significa “ligar”, “religar”, “restabelecer uma conexão”. Há dois níveis de alcance na afirmação de Sri Aurobindo, o geral-universal e o individual-humano.
“No primeiro, para ele, toda a natureza está empenhada em uma grande ioga, buscando a (re)conexão com a consciência que lhe deu origem. Nesse empenho, todas as incontáveis formas criadas por ela, em escala terrestre e universal, nos reinos mineral, vegetal, animal, foram expressões de um impulso irresistível, experimentos realizados em cumprimento de seu desígnio maior: manifestar o atributo da consciência, presente em todas essas formas. Inicialmente oculto, latente, vai se desvelando progressivamente, de forma evolucionária, até culminar naquela forma que é, até o presente, a mais desenvolvida: o ser humano”, explica Ricardo.
Ele ressalta que, no ser humano, “a evolução se torna consciente de si própria”, no dizer do biólogo Julian Huxley.
Em nós. Para Sri Aurobindo, o segundo nível ocorre em nós. “Esse impulso pode se tornar autoconsciente e voluntário: cada um de nós pode se tornar um colaborador consciente de sua própria evolução. E, quando escolhemos isso, a vida inteira, com todas as suas experiências, embates, desafios, sem exceção, transforma-se em oportunidade e campo para essa ioga individual, daí a expressão ‘a vida toda é ioga”.
O líder espiritual dizia que “há uma consciência que a mente não pode alcançar, que a palavra não pode definir, nem o pensamento revelar”.
Ricardo analisa esse conteúdo, afirmando que “o ser humano é consciência em evolução, e essa evolução ainda não se consumou”. “Para Sri Aurobindo, o que usualmente percebemos de nós mesmos, em termos da consciência que em nós se individualizou, é como uma pequena ilha que se ergue no oceano imenso: não temos percepção consciente de como ela se interliga às imensidades da Terra e do oceano que se estendem para além de nossa visão”, explica.
Para Aurobindo, diz Ricardo, “nas extensões de ser e consciência que ‘nossa evolução animal ainda não conquistou’, esperam por nós ‘infinitas alegrias, perfeitas forças, luminosos alcances de conhecimento espontâneo, amplas quietudes de ser’”.
Evento. Ricardo fala sobre a abordagem da oficina “A vida toda é ioga” que ganhou o título: “Ao chamado do Alto, a resposta de Dentro; ao chamado de Dentro, a resposta do Alto”.
“Trata-se de uma abordagem lúdica, despretensiosa, por meio de um conjunto de vivências que têm no movimento criativo sua referência central, de aspectos mais específicos que derivam de grandes questões, como a relação entre a pessoa exterior que somos e a interioridade a ser descoberta em nós, como essas dimensões interiores podem encontrar em nosso ser corpóreo um instrumento e veículo para se relacionar e interagir com o mundo e a vida”, comenta.
AGENDA: A oficina “Ao chamado do Alto, a resposta de Dentro; ao chamado de Dentro, a resposta do Alto” acontece entre os dias 22 e 26 de janeiro no Recanto Santo Agostinho, em Mário Campos, na Grande BH. Informações: www.casasriaurobindo.com.br e pelo telefone (31) 3221-8004.
É preciso sustentar a aspiração

Também o líder espiritual Sri Aurobindo, em suas sábias palavras, tinha uma mensagem sobre o comportamento individual diante do mundo, dos seus desafios e dos conflitos que se apresentam tanto individualmente como coletivamente.

“À luz do que compreendemos de Sri Aurobindo, ousaríamos dizer que temos de desenvolver, renovar e sustentar em nós um padrão mental composto de: equanimidade, para sermos capazes de discriminar a verdade por trás das aparências, sem prejulgamentos e conclusões precipitadas; fé, que se expressa como confiança no que podemos nos tornar, como indivíduos e como coletividade – a fé de que o que vemos em nós e a nossa volta é só uma sombra distorcida do que em essência somos e estamos destinados a manifestar; aspiração, de que essa verdade que luta para se manifestar em nós e no mundo encontre condições para cumprir-se; por fim, disposição de lutar, coragem para tomar resolutamente o partido daquilo que, a partir de equanimidade, fé e aspiração, percebermos como certo e justo”, ensina Ricardo de Oliveira Bernardo, diretor da Casa Sri Aurobindo.

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