A grande questão do ciume na relações humanas seja entre
hippies e libertários sempre foi o ciumes.
Todo mundo quer ficar bonito na foto, e se mostra aberto e liberal, a teoria na prática é outra.
Todo mundo gosta muito de liberdade sexual para si próprio,
mas em geral fica aborrecido quando o parceiro ou parceira exerce essa mesma
liberdade.
Pessoas que se amavam romperam para sempre, comunidades de
vanguarda foram dizimadas, muitos ficavam chocados e finalmente desencantados
com os acontecimentos, por causa desse problema.
O poder do ciúme é considerado uma reação natural da
consciência humana e sua irracionalidade intrínseca não impede que seja tido
como normal.Mas qual sua origem?
A filosofia de Jean Paul Sartre diz que tudo é sujeito ou
objeto.
Ao sujeito ele chama de o ser-para-si, porque é consciente,
reflexivo; ao objeto de ser-em-si porque está encerrado em si mesmo.
E em-si é o ser que esta aí; o ser para-si é nada, é a
consciência.
Ora, a consciência que não é nada, por não ser o objeto, é
pura indeterminação, liberdade.
Essa circunstância, de ser nada, parece desconfortável para o
ser-para-si; ele que ser alguma coisa; quer a consciência do em-si; quer ser
objeto.
Mas não quer deixar de ser sujeito. Quer ser um
ser-em-si-para-si, ou seja: quer ser Deus.
Mas Deus é um ideia contraditória, e o homem é uma “paixão
inútil”.
Apesar de inútil, a paixão humana em alcançar a aparente
consistência do ser –em-si é, contudo, incessante. Onde obtê-la? No olhar do
outro ser-para-si.
Só o olhar tem valor, pois sua indeterminação e sua
liberdade são a única fonte de valor.
Precisando, portanto, do olhar do outro; meu projeto é
sempre o de conquistá-lo para colocá-lo a meu serviço – ou melhor, a serviço da
constituição de minha imagem como um pretenso ser-em-si.
( só falta combinar com o outro)
Mas o outro resiste, pois ele também quer conquistar meu
olhar. Por isso, a relação amorosa sempre conduz ao conflito, segundo Sartre- e
este é o sentido da famosa frase “ o inferno são os outros”, de sua peça
teatral Huis Clos.
A dor do ciúme, portanto, é provocada pela frustração desse
projeto de conquista do olhar do outro, que, entretanto, estava fadado ao
fracasso, desde o início.
Soluções? Hehehe
A superação do ciúme só é possível com a superação desse
estado de consciência que corresponde à descrição psicologia de Sartre. Isto
é: só é possível numa estado de consciência superior, no qual o ser-para-si
aceite o próprio nada, ou seja, assuma sua liberdade.
A superação do ciúme exige uma mutação psicológica, uma
expansão da consciência que torne o indivíduo capaz de alcançar essa liberdade.
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