terça-feira, 8 de dezembro de 2015

eu me mordo de ciúmes...




A grande questão do ciume na relações humanas seja entre hippies e libertários sempre foi o ciumes.
Todo mundo quer ficar bonito na foto, e se mostra aberto e liberal, a teoria na prática é outra.
Todo mundo gosta muito de liberdade sexual para si próprio, mas em geral fica aborrecido quando o parceiro ou parceira exerce essa mesma liberdade.
Pessoas que se amavam romperam para sempre, comunidades de vanguarda foram dizimadas, muitos ficavam chocados e finalmente desencantados com os acontecimentos, por causa desse problema.
O poder do ciúme é considerado uma reação natural da consciência humana e sua irracionalidade intrínseca não impede que seja tido como normal.Mas qual sua origem?
A filosofia de Jean Paul Sartre diz que tudo é sujeito ou objeto.
Ao sujeito ele chama de o ser-para-si, porque é consciente, reflexivo; ao objeto de ser-em-si porque está encerrado em si mesmo.
E em-si é o ser que esta aí; o ser para-si é nada, é a consciência.
Ora, a consciência que não é nada, por não ser o objeto, é pura indeterminação, liberdade.
Essa circunstância, de ser nada, parece desconfortável para o ser-para-si; ele que ser alguma coisa; quer a consciência do em-si; quer ser objeto.
Mas não quer deixar de ser sujeito. Quer ser um ser-em-si-para-si, ou seja: quer ser Deus.
Mas Deus é um ideia contraditória, e o homem é uma “paixão inútil”.

Apesar de inútil, a paixão humana em alcançar a aparente consistência do ser –em-si é, contudo, incessante. Onde obtê-la? No olhar do outro ser-para-si.
Só o olhar tem valor, pois sua indeterminação e sua liberdade são a única fonte de valor.
Precisando, portanto, do olhar do outro; meu projeto é sempre o de conquistá-lo para colocá-lo a meu serviço – ou melhor, a serviço da constituição de minha imagem como um pretenso ser-em-si.
( só falta combinar com o outro)
Mas o outro resiste, pois ele também quer conquistar meu olhar. Por isso, a relação amorosa sempre conduz ao conflito, segundo Sartre- e este é o sentido da famosa frase “ o inferno são os outros”, de sua peça teatral Huis Clos.



A dor do ciúme, portanto, é provocada pela frustração desse projeto de conquista do olhar do outro, que, entretanto, estava fadado ao fracasso, desde o início.


Soluções? Hehehe


A superação do ciúme só é possível com a superação desse estado de consciência que corresponde à descrição psicologia de Sartre. Isto é: só é possível numa estado de consciência superior, no qual o ser-para-si aceite o próprio nada, ou seja, assuma sua liberdade.

A superação do ciúme exige uma mutação psicológica, uma expansão da consciência que torne o indivíduo capaz de alcançar essa liberdade.



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