segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Neuromodulação atua como aliada contra dores de cabeça

Aparelho funciona por meio de eletrodos e substitui medicamento


A-GQPNU
O pequeno Vinícius já apresenta melhoras com a neuromodulação
 

Somente aqueles que sofrem com dores de cabeça sabem o quão desagradável e prejudicial elas podem ser. Em casos de enxaquecas, o trabalho e a vida social de quem possui a enfermidade podem ser afetados por crises muitas vezes intensas que podem durar dias. Existem vários fatores que desencadeiam as crises, como obesidade, noites maldormidas, indigestão, jejum e alterações hormonais, entre outros. E em tempos de muita competitividade, cobranças e metas, as pessoas são submetidas diariamente a situações estressantes, o que potencializa a frequência das crises.
A mais recente novidade na prevenção e no alívio dos sintomas é a neuromodulação. Trata-se da utilização de estímulos elétricos e magnéticos para influenciar e modular o funcionamento do cérebro, diferentemente dos medicamentos, que estimulam ou inibem as funções cerebrais.
Novidade. O método surgiu como tratamento para a doença de Parkinson. Com o implante de eletrodos nos núcleos da base do cérebro, conseguiu-se conter o tremor dos pacientes. Posteriormente, ela passou a ser utilizada no tratamento de epilepsia. Nos casos em que só o medicamento não é suficiente, eletrodos são implantados para estimular o nervo vago, localizado no pescoço, e conter as crises epiléticas. Agora, a neuromodulação passa a figurar como uma alternativa para o tratamento da enxaqueca e cefaleias.
Diferentemente das outras situações, no caso das dores de cabeça, o tratamento não é invasivo. Trata-se de um novo aparelho em formato de arco – cujo nome comercial é “Cefaly” – que, ao ser colocado na cabeça, gera pequenos estímulos elétricos, alterando a forma que a dor é assimilada. A neurofisiologista clínica Andréa Julião explica que o aparelho pode ser usado tanto em momentos de crise como para a prevenção. “Para a profilaxia, o aparelho deve ser usado diariamente por 20 minutos. Em caso de crises, o período de uso pode ser maior, e ele atuará como um analgésico ao aliviar as dores”.
A médica também indica o Cefaly para quem precisa parar de tomar os medicamentos para enxaqueca, por exemplo, e para mulheres que estão tentando engravidar, além de ser uma solução para o abuso de remédios. “No Brasil existe uma situação comprovada de abuso de analgésico, pois qualquer um pode comprar e fazer uso. Entretanto, a utilização frequente do remédio pode agravar a crise, pois ele passa a ser um vício para o paciente. Uma enxaqueca simples, por exemplo, pode se tornar uma cefaleia crônica diária. Sem contar o risco de o paciente desenvolver gastrite pelo uso excessivo de medicamentos”, alerta.

Bons resultados. Ir para escola era uma dificuldade para o pequeno Vinícius, 7. O garoto possui uma doença chamada esofagite eosinofílica e a enxaqueca é um dos reflexos da doença. Em seu cotidiano escolar, ele sempre tinha que voltar para casa antes do horário, pois frequentemente as crises fortes de dor de cabeça causavam um enjoo intenso que impedia a sua permanência na escola.
A mãe Sílvia Oliveira conta que, com a prática constante da neuromodulação somada ao tratamento com medicamentos, as crises diminuíram. “Desde maio, ele utiliza o neuromodulador e a mudança é nítida. Ele ainda toma os medicamentos, porém, em breve, não vai precisar mais, e o tratamento será feito apenas com o uso do aparelho”.
Sílvia também ressalta que é preciso paciência para ver os resultados, pois só com a prática frequente da neuromodulação os resultados aparecem. “A curto prazo, deu para notar que o Vinícius está mais relaxado, menos ansioso”, explica.
Flash
Brasil. Apenas uma marca vende o aparelho, a Cefaly, e o preço é alto: em torno de R$ 2.500, mais o valor dos eletrodos, que são vendidos separadamente e custam cerca de R$ 100.
O produto ainda não é encontrado facilmente em lojas físicas, mas está disponível na internet no site da marca www.cefaly.com.br.
Técnica foi aprovada em 2014

A única marca do aparelho para neuromodulação de dores de cabeça é a Cefaly. Trata-se de uma tecnologia desenvolvida em 2009 na Bélgica e aprovada pelo FDA – departamento de administração de comidas e medicamentos dos Estados Unidos – em 2014. Eduardo Hanni Tortorelli, assessor técnica da Politec Saúde, responsável pelo aparelho Cefaly, explica também que o aparelho oferece duas intensidades de estímulos. “Quando o paciente está com crise de enxaqueca, ele deve usar o programa dois, já para em caso de uso contínuo, deve ser acionada a frequência um”, determina.

Embora não haja efeitos colaterais, Tortotelli conta que a reclamação mais comum é de pacientes que reclamam dos estímulos.

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