segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Na era do toque na tela, mente já controla coisas

Cérebro substitui controle remoto de brinquedos e combina a leitura de movimentos oculares para auxiliar pessoas que sofrem de paralisia a usar computadores


Usar um leve toque de dedos para controlar qualquer objeto parecia até há pouco tempo algo impensável a qualquer geração. Agora, com a internet comandando as nossas vidas, temos qualquer tela ao nosso alcance. A próxima barreira, no entanto, é controlar a tecnologia sem uso das mãos, usando o poder do cérebro para acionar telas e outros equipamentos, como computadores, próteses, robôs e utensílios domésticos. E isso tudo pode ser realidade em até dez anos.

BrainDriver
No projeto BrainDriver, pesquisadores alemães demonstraram como um motorista pode usar interfaces homem-máquina não invasivas para dirigir um veículo usando apenas os pensamentos para controlar o motor, os freios e a direção
 

A previsão é de uma pesquisa recente realizada pelo Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) com mais de 3.000 pessoas. Além da diminuição da importância dos smartphones, os resultados mostram ainda que a mente humana será a tecnologia de escolha para controle de dispositivos na vida cotidiana em 2025, e que as pessoas já estão dispostas a usar o cérebro como meio de controle para abrir portas, usar utensílios na cozinha, acionar dispositivos móveis e de telefonia celular e controlar as luzes de casa.
O professor de engenharia elétrica da Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, Dean Aslam, criou um boné equipado com um sistema que detecta a atividade cerebral e permite, a qualquer pessoa, comandar um robô usando a força do pensamento. A tecnologia do projeto, que consegue incorporar o sensor de controle da mente em roupas, já está sendo ampliada a casos voltados para a saúde, objetos pessoais e casas inteligentes. “Alguns sistemas estarão disponíveis até 2020 ou antes disso. O grande desafio é desenvolver interfaces cérebro-máquina que são confortáveis de usar”, adianta o professor.
 
 

Suprindo deficiências

A difusão de vídeos de amputados ganhando novamente o controle sobre membros artificiais, através da aplicação dessas ferramentas no cenário da neurociência, fez com que projetos semelhantes se espalhassem. Com isso, inúmeras facetas da pesquisa vêm ganhando impulsos cada vez mais avançados, como o projeto do engenheiro biomédico Jordan Nguyen. 
 
Junto a pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Sydney, na Austrália, ele trabalha com projetos de tecnologia inteligente para a deficiência. Seu mais recente trabalho é uma cadeira de rodas comandada pela mente. “Nós ainda estamos aprendendo a compreender o verdadeiro poder e o potencial do cérebro humano. Mas nós precisamos ter certeza de que estamos fazendo isso para o avanço e benefício da sociedade”, afirma.
 
Na avaliação do membro sênior do IEEE, Raul Colcher, apesar de atualmente essa possibilidade já existir em algumas áreas, principalmente no âmbito de sistemas médicos (para contornar ou minorar deficiências físicas), essa área científico-tecnológica ainda apresenta obstáculos importantes. 
 
“Creio que o desafio consiste em aperfeiçoar tradutores e mecanismos menos invasivos, barateando e tornando as soluções mais seguras, convenientes e vantajosas. O universo de possibilidades é ilimitado e, a curto prazo, creio que isso virá com avanços na área de neurociência, mas também em outras, como, por exemplo, a eletrônica, nanociência e ciência de materiais”, projeta Raul Colcher.
 
 

Aceitação

Por enquanto, os brasileiros ainda desconfiam do controle mental. “Essa diferença provavelmente se atribui ao fato de que, no Brasil, a ideia ainda é considerada longe de ser uma realidade, diferente dos Estados Unidos” afirma Colcher. Talvez por isso, resultados discretos como o do exoesqueleto-robô que foi usado para que um voluntário paraplégico desse um “chute simbólico” na abertura da Copa do Mundo do Brasil, sigam sem maiores impactos. 
 
 

Cérebro substitui controle remoto de brinquedos

Com um olhar atento para o futuro, para novas tecnologias e tendências, uma agência de publicidade de São Paulo desenvolve projetos que usam a “Internet das Coisas” (Internet of Things – IoT, em inglês) como premissa. A novidade, que agrada crianças e adultos, é um brinquedo com carrinhos movidos usando a força do pensamento no lugar dos tradicionais controles remotos.
 
“Trabalhamos dois pontos de contato: os batimentos cardíacos e um ponto central na testa que capta as faixas de onda de atividade cerebral. No projeto usamos basicamente a atenção e as piscadas. Quanto mais concentrada, mais a pessoa irá conseguir converter em energia para o carrinho andar mais rápido”, explica o sócio-fundador da Bolha, Nagib Nassif Filho.
 
Para o empresário, o barateamento das tecnologias foi crucial. “Até cinco anos atrás, só existiam aparelhos para medir a atividade cerebral em hospitais. Agora já conseguimos chegar à casa das pessoas. É um caminho sem volta”, diz.
 
O italiano Riccardo Giraldi, que também criou brinquedo semelhante, faz planos. “No futuro, essa passará a ser a maneira mais conveniente de interagir com as informações e o mundo que nos rodeia”.

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