terça-feira, 2 de agosto de 2011

Hormônio explicaria por que as pessoas traem por impulso

Hormônio explicaria por que as pessoas traem por impulso
Busca por destaque no grupo é parte de uma estratégia de sobrevivência inata STEPHANIE ROSENBLOOM

EUA. O deputado Anthony Weiner renunciou após ter mandado fotos insinuantes na internet e disse que "não sabia o que estava fazendo"
NOVA YORK, EUA. Há muito tempo, pesquisadores estudam a química e a arquitetura cerebral e sugerem que a fisiologia tem um papel importante nas puladas de cerca, como no caso do ex-deputado norte-americano Anthony Weiner, que, casado, renunciou ao cargo na semana passada após virem a público mensagens comprometedoras dele para várias mulheres.
"Não sei no que eu estava pensando", disse Weiner em uma entrevista coletiva momentos após finalmente admitir que havia enviado fotos picantes dele próprio para jovens que ele havia conhecido na internet.

Cientistas afirmam que é possível que pessoas como ele tenham um impulso incontrolável e acabem traindo. "A maioria das pessoas que vão tão longe quanto ele é gente com níveis altos de testosterona", disse Helen Fisher, antropóloga, bióloga e membro do Centro de Estudos Evolucionários Humanos da Universidade Rutgers. "Junto com essa ambição, vem um grande apetite sexual. A testosterona está ligada aos dois".

Segundo alguns pesquisadores, a busca por proeminência é parte de uma estratégia de sobrevivência inata. "Os homens, particularmente os homens bem-sucedidos, têm um histórico evolucionário de poligamia", explicou David C. Geary, professor do Departamento de Ciências da Psicologia da Universidade do Missouri. "Os homens que buscam carreira política também estão buscando poder", disse Geary, e, "de uma perspectiva evolucionária, todo o objetivo dos homens à procura de poder é aumentar seu acesso às oportunidades sexuais".

Aventura. Entretanto, em uma era de rastros digitais facilmente descobertos, as chances de galantear e ser pego com a mão na massa são maiores do que nunca. Então, por que trair e tuitar?

Uma resposta possível é que existe uma correlação entre a testosterona e querer correr riscos. "Se você perguntasse a um desses caras ‘Quais as chances de você ser pego?’, veria que eles subestimam os riscos", disse Geary. "E a gravidade das consequências é subestimada. As mulheres, por outro lado, tendem a se concentrar no dano em potencial das consequências".

Estudos sobre outros temas além do sexo - como dinheiro - também demonstraram uma ligação entre a testosterona e o excesso de confiança. Segundo Helen, as mulheres têm, em média, mais conexões neurais de longo alcance do que a maioria dos homens. Consequentemente, disse ela, os homens tendem a se concentrar estritamente no aqui e agora, em vez das possíveis consequências a longo prazo.

Uma desculpa conveniente para sair às conquistas? "Não vou criar uma desculpa para esse cara ou qualquer outro", disse Fisher, referindo-se a Weiner. "Mas, quando ele diz ‘não sei no que eu estava pensando’, é provável que ele literalmente não conseguisse ver, avaliar ou pesar corretamente todas as consequências disso. Ele estava concentrado no curto prazo".

AUTOCONTROLE
Mostrar poder atrapalha o equilíbrio cognitivo
NOVA YORK. Popularmente, costuma-se dizer que os homens traem mais do que as mulheres e que, aparentemente, eles têm maior tendência a esse tipo de comportamento. Entretanto, homens e mulheres são mais semelhantes do que diferentes, e suas variações neurológicas são usadas historicamente para justificar o sexismo. Entre os mais notáveis: as mulheres costumavam ser consideradas menos inteligentes do que os homens quando estudos demonstravam que seus cérebros não eram tão grandes quanto os deles.


Os críticos dessa ciência sexista também defendem que muitos estudos neurológicos sobre gênero têm grupos de voluntários muito pequenos ou outras falhas de metodologia. E nem sempre fica claro como ou se algumas diferenças neurológicas se traduzem em comportamento específico. Nossas ações também são moldadas por outros fatores, como experiência pessoal, cultura e genética.


Controle. Bianca Acevedo, pesquisadora da Fundação Científica Nacional da Universidade da Califórnia, explica que a necessidade de se manter ou demonstrar uma situação de poder atrapalha o equilíbrio cognitivo na hora de se controlar o próprio comportamento. "Por exemplo, indivíduos que precisam exercer muito controle em suas vidas diárias (como os políticos) podem ter menos recursos cognitivos para ajustar seus comportamentos em outros domínios da vida".


A maioria das pessoas é capaz de amar alguém e, ao mesmo tempo, traí-la com outra. Estudiosos argumentam que a decisão sobre agir geralmente depende de associações positivas que a pessoa tem entre um estímulo específico e um comportamento. (SR/NYT)



ESTÍMULO
Reação orgânica é imediata
NOVA YORK. Áreas do cérebro envolvidas no desejo são ativadas em um piscar de olhos – menos de 120 milissegundos, segundo Francesco Bianchi-Demicheli e Stephanie Ortigue, professores do departamento de psicologia da Universidade de Genebra.


Mesmo antes de você perceber que algum detalhe sobre uma pessoa chamou sua atenção, seja em uma fotografia online ou ao passar em uma calçada, seu cérebro inconscientemente sabe que essa pessoa ativará seu sistema de recompensas antecipa essa sensação de bem-estar.
"As pessoas têm esse ímpeto e acontece uma perda de controle", disse Stephanie, que estudou desejo e cérebro usando eletrodos colocados nas cabeças de universitários e os monitorando enquanto eles observavam fotografias de homens e mulheres em trajes de banho.


Zona S. O ímpeto afeta as pessoas profundamente em um momento entre a inconsciência e a consciência, que Stephanie chama de "zona sexual". "Nesse momento do tempo, a atenção deles fica subitamente concentrada nessa recompensa", disse ela. "De repente, todo o resto em torno deles passa a não existir mais". Na zona S, pacientes relatam que perdem a noção do tempo. O futuro (ou seja, ter que renunciar ao casamento ou emprego) nem passa pela cabeça. Incidentalmente, quando perguntada se essa euforia míope acontece em situações não sexuais – como uma vontade de comer croissant –, Stephanie diz que sim. (SR)
O golfista Tiger Woods traiu a mulher e se declarou viciado em sexo



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