terça-feira, 19 de julho de 2011

Desigualdade continua

Ne escola. Abandono e repetência afetam mais estudante negros do que os brancos

Rio. O Relatório Anual das Desigualdades Sociais 2009-2010, divulgado ontem, aponta que a esperança de vida da população negra segue inferior à da população branca. O estudo foi feito pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), instituto ligado ao Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE-UFRJ).  

Entre a população preta e parda, a expectativa de vida, em 2008, era de 67,03 anos. Entre a parcela de cor branca, a perspectiva era de 73,13 anos. Na média de toda a população brasileira, a esperança de vida era de 70,94 anos. 

Entre os homens pretos e pardos, o indicador não passou de 66,74 anos. No contingente masculino da população branca, a expectativa alcançou 72,39 anos. 

No estudo com as mulheres, a esperança de vida entre pretas e pardas foi de 70,94 anos, abaixo dos 74,57 anos estimados para a parcela feminina da população branca. 

A taxa de fecundidade das mulheres negras caiu mais do que as das brancas, mas ainda é maior, segundo o relatório.

Quase 30% das mulheres negras em idade fértil fizeram laqueaduras; as brancas, 21,7%; mulheres negras têm menor acesso aos exames ginecológicos preventivos: 37,5% nunca fizeram exame de mamas (brancas, 22,9%); Taxa de não cobertura ao sistema de saúde chega a quase 27% nos negros (brancos, no entorno de 14%); 

A pesquisa revela ainda que negros são os mais beneficiados pelo Programa Bolsa-Família. Uma em cada quatro famílias chefiadas por afrodescendentes recebia o PBF (brancos, 9,8%).

Educação. A taxa de analfabetismo entre os negros é maior do que o dobro entre a população branca, também aponta o estudo. Dos 6,8 milhões de analfabetos em todo o país que frequentam ou tinham frequentado a escola entre 2009 e 2010, 71,6% são pretos e pardos.

O relatório aponta também que jovens afrodescendentes são mais expostos ao abandono escolar e à frequência à escola em idade superior à desejada. Em 2008, das crianças entre 6 e 10 anos, 45,4% não estudava na série adequada. Entre os brancos este percentual era de 40,4%, e entre os pretos e pardos, alcançava quase metade do contingente.

Entre as crianças de 11 e 14 anos, o problema de repetência e abandono se torna ainda pior, pois 55,3% não estudavam na série correta. Entre os jovens brancos este percentual era de 45,7%. Entre os jovens pretos e pardos chegava a 62,3%. 

O estudo aponta que nos últimos 20 anos também houve avanços. A média de anos de estudos das pessoas pretas e pardas acima de 15 anos passou de 3,6 anos de estudo, em 1988, para 6,5, em 2008. Entre os brancos, a taxa subiu de 5,2 para 8,3 anos de estudo.

VIOLÊNCIA
Número de homicídios de negros sobe
Rio. Apesar de o número de homicídios no país permanecer estável nos últimos anos, o número de negros assassinados não para de subir, revela o Relatório Anual das Desigualdades Sociais, divulgado ontem no Rio.

A probabilidade de um homem preto ou pardo morrer assassinado é mais do que o dobro se comparado a de um indivíduo que se declara branco.

Enquanto os homicídios entre homens brancos vêm caindo ao longo dos últimos anos, o movimento entre negros e pardos é inverso.

Em 2001, homens pretos ou pardos representavam 53,5% do total. Ao mesmo tempo, os brancos significavam 38,5%.

Já em 2007, do total de homicídios registrados, 64,09% eram de negros. Já a proporção de brancos recuou para 29,24%. Entre as mulheres, a razão de mortalidade das pretas ou pardas era 41,3% superior à observada entre as mulheres brancas, segundo dados de 2007.

O estudo, desenvolvido pela UFRJ, foi feito a partir de dados do Ministério da Saúde e da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios). 

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