terça-feira, 3 de maio de 2011

Irritabilidade e até doenças graves têm como causa o sentimento da raiva


Que raiva é essa que estou sentindo?

Irritabilidade e até doenças graves têm como causa esse sentimento

Atire a primeira pedra quem nunca sentiu ou não alimenta vez por outra uma dose de raiva. Muitas vezes o foco não é uma pessoa, pode ser uma situação de vida que não conseguimos mudar, o trabalho e até nós mesmos por termos falhado ou caído nas mesmas ciladas existenciais.
Mas, segundo a professora de hatha ioga Emilce Shrividya, os evoluídos sentem raiva só por um minuto. "As escrituras da ioga dizem que uma pessoa evoluída conserva sua raiva por um minuto, uma pessoa comum conserva-a por meia hora e uma pessoa ainda não evoluída conserva sua raiva por um dia e uma noite. Mas uma pessoa cheia de mágoas lembra-se da sua raiva até morrer".
Em outras palavras, é da natureza humana sentir raiva, mas devemos esquecê-la rapidamente. "Não devemos alimentá-la e nem remoer acontecimentos passados. Somos as primeiras vítimas de nossa própria raiva. Ela nos queima por dentro, tirando nossa paz, obscurece nossos pensamentos e distorce nossas percepções. A raiva acumulada nos prejudica e nos afasta de Deus, de nossa verdadeira essência divina, de nossa bondade e compaixão", diz a professora.
Espelhos. É importante perceber que a raiva, na verdade, está dentro de nós e é acionada quando encontramos alguns espelhos pela vida. "As pessoas tendem a pensar que alguém ou algo lhes provoca raiva, mas elas não deveriam culpar ninguém a não ser a si mesmas", diz Emilce.
Esse sentimento, diz ela, assume muitas formas e facetas como aflição, ressentimento, contrariedade, mau humor, aspereza, animosidade, explosões de ira, rancor, crises de choro e soluço. "Muitas vezes, as lágrimas não são sinais de fraqueza, mas a força da raiva", pontua Emilce.
Além disso, a raiva envenena o nosso corpo. "Ataques de raiva e mau humor produzem danos sérios nas células do cérebro, envenenam o sangue, causam insônia, depressão e pânico; suprimem a secreção dos sucos gástricos e da bílis nos canais digestivos, criando gastrites e úlceras, esgotam a energia e vitalidade, causam problemas cardíacos, provocam velhice prematura e encurtam a vida", enumera a professora.
Liberdade. Faça um teste e, da próxima vez que sentir raiva, perceba as reações em seu corpo. "Quando você se zanga, sua mente fica perturbada e isso se reflete em seu corpo, que sente distúrbios. Todo o sistema nervoso se agita e você se enerva, perdendo a harmonia, a eficiência de agir, o vigor e o entusiasmo. A raiva é uma energia poderosa que precisa ser dissolvida para que você possa ser mais livre e saudável", pontua Emilce.
Existem pessoas que confundem raiva com poder. Sentem satisfação, poder e liberdade quando têm explosões de raiva. "Acham que até aliviam as tensões, mas depois se culpam e lutam para controlar isso. Ajudaria muito se elas entendessem que, mesmo que possam sentir alívio no momento, isso não funciona. A raiva apenas escraviza e é prejudicial fisicamente, psicologicamente e espiritualmente", aconselha Emilce.
O famoso truque de contar até dez, ou, em alguns casos, até cem, pode evitar um desgaste emocional. "Saia da situação, se afaste do ambiente ou da pessoa, tome um copo de água, respire profundamente. Quando falamos de uma maneira tranquila e sem raiva, o outro pode até nos entender e ouvir melhor, mas, quando falamos com raiva, só criamos mais conflitos e desarmonia", diz a professora.
Os raivosos de plantão não imaginam que são também orgulhosos. "Quando estamos com muita raiva, queremos que a outra pessoa admita que está errada e isso é orgulho. É preciso se libertar da tirania da raiva", propõe Emilce. 

FÍGADO
Emoções intoxicam órgão vital
Certamente você já ouviu que rir é bom para desopilar o fígado. É a mais pura verdade, diz Conceição Trucon, química, cientista e escritora.
"Esse órgão é a principal víscera produtora da energia da agressividade, matéria-prima das nossas conquistas. É importante não confundir agressividade (ir à luta) com violência, que só acontece quando estamos intoxicados, desequilibrados e não identificados com a afetividade e com a capacidade de enxergar a vida por uma ótica de desenvolvimento e crescimento", pondera Conceição.
Segundo ela, "o ato de eliminar o que não serve mais nas relações ou situações da vida corresponde ao processo de desintoxicação que o fígado realiza fisicamente no sangue e metafisicamente no coração", diz.
A saída pode não ser tão complicada quanto parece. "Encarar serenamente um desafio, sem falsas expectativas, torna a vida mais digerível, agradável, gostosa. Esse comportamento facilita a digestão dos alimentos, inclusive daqueles mais pesados como as gorduras e vitaminas oleosas. Pensamentos e atitudes destrutivos (indigestos, desagradáveis) tornam os desafios ainda maiores, dificultando todas as funções do fígado", alerta a química.
Metafisicamente, explica Conceição, "os distúrbios do fígado são provenientes do hábito de se queixar com amargura e rabugice apenas para se iludir e resistir às mudanças. O excesso de colesterol e triglicérides acontece devido a pensamentos e atitudes escorregadios, embaçados. Os pensamentos agoniados, plenos de raiva e ódio são formas garantidas de adoecer gravemente o fígado. O mau humor, que é um distúrbio da afetividade, tem sua morada em um fígado intoxicado e doente".
É melhor prevenir do que remediar, e ficar atento à qualidade dos seus sentimentos. "O fígado tem uma grande capacidade de regeneração, qualidade intensificada nas pessoas mais flexíveis às mudanças e com facilidade de se refazerem a partir de situações difíceis, nas pessoas que buscam compreender, perdoar, que têm bom humor, brincam, dão risadas e têm tempo para o lazer e atividades prazerosas", finaliza. (AED)

Dicas úteis

Cultive a tolerância e a paciência
Gere contentamento interior, gratidão e entusiasmo

Cultive a bondade, a benevolência e a compaixão. Isso vai produzir serenidade mental, que impede a raiva de se manifestar
Meditar ajuda a dissolver a raiva e transformá-la em paciência e aceitação 

O perdão permite abandonar os sentimentos negativos associados aos acontecimentos passados, livrando das sensações de raiva e ressentimento



Saída. Raivosos devem se desapegar do passado e aceitar gentilmente o fluxo da vida

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