sexta-feira, 6 de maio de 2011

Arte de Compartilhar


 Arte de Compartilhar


A Arte de Compartilhar Na Grécia Antiga, em suas reuniões ao ar livre, os “Filósofos de Jardim”, dialogavam de modo coloquial e familiar, estabelecendo uma relação de amizade. Epícuro buscava e valorizava a capacidade de integrar e promover o bem estar entre as pessoas. Através do ato de filosofar estava a maneira de se libertar das ansiedades e frustrações do mundo e buscar a felicidade.

Eis aqui a filosofia sendo utilizada na prática, via diálogo, via interseção, num compartilhar. O Filósofo Clínico é o profissional disposto à arte do diálogo. Ao ouvirmos, franqueamos nossa mente por inteiro. O estar “plugado” é um envolver-se integralmente, frente à outra figura humana, o partilhante. Esse nos chega com suas experiências pessoais, visão de mundo, afetos, buscas, traumas e circunstâncias pessoais, porque alguma coisa em seu caminho ou existência não flui de maneira tranqüila. Essa relação precisa se dar de uma maneira qualitativa, atenta, por aí começamos a decifrar a Estrutura de Pensamento (EP) que se dá a conhecer.

O olhar dentro dos olhos, o escutar, a lágrima, o riso, a respiração, o tom da voz, os gestos, esse universo individual se expõe. Há aqui toda uma estrutura interna em movimento: são 10 bilhões de neurônios que recebem, integram e transmitem informações; a malha intelectiva traz vivências passadas tornadas contemporâneas à medida que são narradas.

Ao nos comunicarmos, uma corrente elétrica aciona 100 trilhões de conexões sinápticas entre esses neurônios. Uma sucessão de representações vêm à tona pelo pensamento. Com olhar atento, já podemos observar possíveis choques estruturais.

O objetivo da Filosofia Clínica é levar o partilhante a ter consciência de seu próprio funcionamento interno para que ele, dentro de seu universo pessoal, busque sua melhora existencial. Isso se dará via submodos (formas de ação), os que o partilhante já usa informalmente e os que se adequam à sua EP. Essa caminhada junto ao outro, na riqueza do compartilhar, gradual, da existência, somente se dá através da interseção.

Como em toda arte, há muito de sentimento e intuição. O conhecimento é só o primeiro passo desta vivência que floresce na sabedoria e no respeito mútuo.


Porto Alegre, março de 2001 
idalina krause

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