quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Cern faz avanços na produção de antimatéria

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Cern faz avanços na produção de antimatéria
Estudar antihidrogênio é uma das formas de tentar entender o que aconteceu com a antimatéria depois do Big Bang


SÃO PAULO -  Depois de anunciar, no mês passado, que havia conseguido manter estáveis pela primeira vez átomos de anti-hidrogênio, o Cern faz novos avanços rumo à produção de feixes do material.
O experimento ASACUSA, do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN) deu mais um passo em uma nova técnica para estudar antimatéria. Usando um novo “capturador” de partículas, o chamado CUSP, ele conseguiu produzir uma quantidade significativa de anti hidrogênio.

Por definição,  a antimatéria é idêntica à matéria, a não ser pelo fato de possuir carga oposta.  Por isso, as duas se aniquilam quando entram em contato uma com a outra. A antimatéria permanece um dos maiores mistérios da ciência. Ou melhor, a ausência de antimatéria é um grande mistério. Segundo todos os cálculos astronômicos, no momento do Big Bang (a grande explosão que, de acordo com as teorias mais aceitas, deu origem ao Universo) matéria e antimatéria devem ter se formado em quantidades equivalentes. No entanto, nós sabemos que nosso mundo é feito de matérias – enquanto a antimatéria parece ter desaparecido. É justamente para descobrir o que aconteceu com ela que os cientistas usam uma série de métodos – um deles é justamente utilizar um dos sistemas mais bem estudados da física, o átomo de hidrogênio, composto de um próton e um elétron, e checar se sua parte contrária, o anti-hidrogênio (feito de um antipróton e um pósitron) se comporta da mesma maneira.
O desafio está em produzir os átomos de anti-hidrogênio e mantê-los longe da matéria por tempo suficiente para estudá-lo. A abordagem do ASACUSA é complementar ao do experimento ALPHA, que reportou novos resultados no jornal Nature, em 17 de novembro.
O sistema usa uma combinação de campos magnéticos, como os do ALPHA, para unir antiprótons e pósitrons juntos e formam átomos de antihidrogênio. Ele então os coloca em um túnel a vácuo aonde podem ser estudados em vôo. Até agora, somente alguns átomos de antihidrogenio foram produzidos dessa forma. O objetivo final do experimento é produzir material suficiente para investigar seu comportamento em detalhes, com a ajuda de microondas.
Atualmente, o CERN é o único laboratório do mundo com um instrumento antipróton no qual essa pesquisa pode ser feita. O programa do “anti-hidrogênio” começou há mais de uma década: foi em 1995 que os primeiros nove átomos foram produzidos no CERN. Em 2002, os experimentos ATHENA e ATRAP mostraram que é possível produzir anti-hidrogênio em larga escala, aumentando a possibilidade de conduzir estudos mais detalhados.
Os resultados publicados hoje no Physical Review Letters são somente mais uma etapa desse processo.

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